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OEI promove eventos para players do setor cultural em busca de negócios

Organização realiza 600 encontros e rodadas de negociação em nove diferentes eixos da economia criativa

Ambiente busca criar sinergia entre as demandas dos compradores e os empreendedores criativos (Divulgação/Divulgação)

Ambiente busca criar sinergia entre as demandas dos compradores e os empreendedores criativos (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 12 de novembro de 2021 às 16h07.

Última atualização em 12 de novembro de 2021 às 17h54.

Em tempo de reinvenção e retomada do setor cultural brasileiro nestes tempos pós-covid, a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) vai reunir todos os players do setor cultural em um grande evento virtual, o Mercado de Indústrias Criativas Brasil (MICBR 2021). Na opinião do diretor da OEI no Brasil, Raphael Callou, ao promover mais de 600 encontros e rodadas de negociação em nove diferentes eixos da economia criativa, cria-se um ambiente de sinergia entre as demandas dos compradores e os empreendedores criativos, que poderão apresentar seus produtos, serviços e demais criações.

O diretor da OEI cita um estudo inédito que será apresentado durante o MICBR 2021, realizado em conjunto pela Organização dos Estados Ibero Americanos (OEI) e pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). O levantamento mostra que a taxa de desemprego no setor em 2020 chegou a 26% em 11 países ibero-americanos, sendo que 55% tiveram redução de cerca de 80% na venda de ingressos. “Mas depois de um período difícil, surge sempre um período de oportunidades”, declara Raphael Callou.

Em tempos de ambiente virtual e com a parceria junto ao governo federal, a expectativa é que nos próximos dias 17, 18 e 19 de novembro o MICBR apresente números ainda melhores que o último encontro realizado em São Paulo, em 2018, onde foram gerados R$ 30 milhões em negócios.

Raphael Callou fala, também, sobre o 5G no país. “Entendemos e iremos trabalha, para que o 5G signifique, principalmente, dentro da economia criativa, inclusão. Qualquer novo avanço tecnológico deve servir para que a humanidade também avance”, diz.

Para entender mais, a Bússola conversou com o diretor.

Bússola: O Mercado de Indústrias Criativas Brasil (MICBR21) acontece em um momento em que a indústria cultural brasileira ainda se ressente dos efeitos da pandemia do coronavírus. O que o encontro traz de conteúdo e informação relevante neste momento de reconstrução do setor?

Raphael Callou: O MICBR é uma iniciativa que visa fortalecer não só a parte da formação, como também a de geração de oportunidades. Nesse sentido, teremos mais de 600 encontros dentro das rodadas de negócios em nove diferentes eixos da economia criativa que são: audiovisual e animação, design, moda, editorial, jogos eletrônicas, música, museus e patrimônio, artesanato e artes cênicas, constituindo, assim, uma ferramenta de busca de parcerias e de estabelecimento de oportunidades de negócios entre compradores e esses empreendedores da área.

Entendemos também que esse é um momento de reinvenção, de reorientação do setor, e nossa percepção é a de que, por meio das rodadas de negócios, consigamos gerar um ambiente de sinergia entre as demandas dos compradores, orientados para o mercado da indústria criativa, e os empreendedores criativos, que poderão apresentar e colocar à disposição dos mercados seus produtos, serviços e demais criações.

Bússola: A cadeia produtiva das indústrias criativas é extensa, não se limita apenas ao cantor, gamer, estilista ou coreógrafo/dançarinos visíveis ao público. As parcerias surgidas do MICBR2021 poderão auxiliar também os profissionais por detrás dos palcos?

Raphael Callou: Com certeza. Tomando como exemplo a área que atua junto aos museus. Quando se estabelece um projeto, se está criando oportunidades também aos montadores, aos arquitetos que irão construir a exposição, aos designers responsáveis pela parte expositiva e de identidade visual.

Enfim, na medida que temos a geração de oportunidade de negócios consolidada, cria-se também todo um ecossistema da cultura da economia criativa com oportunidades não somente aos artistas, mas também para o conjunto das atividades produtivas relacionadas com os vários eixos de trabalho da indústria criativa. Isso promove um efeito sistêmico muito benéfico no meio, pois vai alcançando todos os profissionais compreendidos na cadeia produtiva.

Bússola: O último MICBR aconteceu em 2018, antes da pandemia do coronavírus, quando o setor vivia outra realidade. O evento anterior movimentou quantas pessoas e quanto em investimentos e parcerias? Temos cases de 2018, que renderam produtos culturais?

Raphael Callou: A OEI tem direcionado suas atenções para iniciativas que deram certo. E o MICBR é uma delas. Na primeira edição, realizada em 2018 na cidade de São Paulo, foram gerados R$ 30 milhões em negócios. Tivemos 400 empreendedores participantes de sete países da região, mais de 200 atividades em dez diferentes polos, três mil reuniões e um total de oito mil inscritos de 30 países, principalmente da região ibero-americana.

Concretamente, segundo dados oficiais, a primeira edição do MICBR foi o ponto de partida para a geração de R$ 4,6 milhões em tributos federais, estaduais e municipais e para criação de cerca de 850 postos de trabalho, com um impacto estimado de cerca de R$ 40 milhões na economia nacional. Como a edição deste ano será realizada virtualmente — disponível nas plataformas digitais da OEI — a expectativa é que esses números sejam ainda mais significativos.

Bússola: O evento deste ano envolve nove segmentos da chamada indústria criativa. Em termos de porte, qual é a diferença para 2018? Quais os critérios foram adotados para essas escolhas?

Raphael Callou: Seguimos os mesmos critérios adotados em 2018, que são os enquadramentos dos registros de trabalho compreendidos dentro da economia criativa. Esse ano, a maior diferença será mesmo o fato de o evento ser digital, em virtude da pandemia, mas que servirá também como um mecanismo para promover e facilitar a participação de um volume maior de pessoas. Empreendedores que teriam que custear passagem e estadia, por exemplo, agora poderão participar de qualquer lugar do mundo, bastando ter uma conexão de internet. Então o evento deste ano é ainda mais democrático e inclusivo.

Bússola: O Brasil é o maior país da América do Sul e tem uma produção cultural intensa. Um dos objetivos do MICBR 2021 é fortalecer nossas relações com os países ibero-americanos. Como estão essas parcerias atuais e o que pode ser incrementado após o evento? Qual o papel da OEI neste caminho?

Raphael Callou: O papel da OEI se dá por meio da educação. Neste caso, especialmente se tratando de cultura, a OEI tem o objetivo de promover a integração do espaço ibero-americano por meio da integração dos povos, dos sentimentos de paz e de democracia dentro da região. A OEI acredita que a cultura e a educação são ferramentas de transformação e de estabelecimento de laços fraternos entre as nações que constituem esse espaço geográfico.

Nesse contexto, o MICBR é um instrumento, tanto de fomento para o desenvolvimento dessa relação, como também de fortalecimento do potencial que a cultura tem para o Brasil. A cultura é um eixo essencial de desenvolvimento de um país, ou seja, gera oportunidade de emprego e renda para milhares de pessoas. A cultura representa mais de 2,6% do PIB nacional, segundo o último levantamento divulgado pela Firjan, fortalece a pujança regional e promove a criação de seus bens e serviços dentro do espaço ibero-americano. Importante lembrar que tudo isso se constrói a partir dos objetivos firmados na Carta Cultura Ibero-americana, que conta com 23 países signatários e acaba de completar 15 anos. A Carta Cultura Ibero-americana é o nosso ‘guia primeiro’ para a realização dos trabalhos voltados para a cultura dentro da região, é ela que norteia o trabalho da OEI.

Bússola: A Indústria criativa trabalha, acima de tudo, com inovação. Como a entrada do 5G no país pode impulsionar ainda mais esse setor da economia?

Raphael Callou: Entendemos, e iremos trabalhar, para que o 5G signifique, principalmente, dentro da economia criativa, inclusão. Uma nova tecnologia deve ter sempre essa finalidade, caso contrário não faz sentido. Qualquer novo avanço tecnológico deve servir para que a humanidade também avance. E isso é um ponto compreendido na Carta Cultural Ibero-americana, onde a tecnologia é um composto determinante para o entendimento integral da cultura.

A Carta Cultura Ibero-americana ainda é bem clara ao reconhecer que o desenvolvimento tecnológico deve estimular o surgimento de novas narrativas e estéticas e facilitar o acesso à informação, às formas inovadoras de criação, aos direitos culturais, à divulgação da produção cultural e ao intercâmbio cultural entre os povos. Por outro lado, o entendimento da OEI, tendo ainda a Carta Cultura Ibero-americana como documento basilar, é que aconteça a transferência de tecnologias para regiões menos desenvolvidas, mas que qualquer tecnologia, como o 5G, seja sempre instrumento e nunca se sobreponha às culturas e identidades locais.

Bússola: É possível estimar, em números, o prejuízo causado pela pandemia a essa indústria criativa no Brasil?

Raphael Callou: A indústria criativa foi uma das que mais sofreu na pandemia em todo o mundo, com o fechamento de cinemas, museus teatros e a suspensão de shows e apresentações públicas. O setor cultural encolheu quase 5%, se comparado ao período anterior à covid-19, e fechou 244 mil vagas. Só no primeiro semestre de 2021, o setor perdeu mais de 80 mil postos de trabalho, e isso são dados do Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural.

Em um estudo ainda inédito no Brasil, realizado pela OEI e pela CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), a taxa de desemprego no setor em 2020 chegou a 26% em 11 países ibero-americanos, sendo que 55% tiveram redução de renda. Mas depois de um período difícil, surge sempre um período de oportunidades.

Bússola: Como a OEI vem contribuindo para minimizar e auxiliar no processo de recuperação dos efeitos do coronavírus nessas cadeias produtivas?

Raphael Callou: O MICBR é algo bastante ilustrativo desse processo, em que a OEI tem procurado, não somente avaliar os efeitos da pandemia por meio de estudos, mas também promover oportunidades de desenvolvimento formativo dentro da cultura e da economia criativa. O rol de palestras, seminários e outras atividades, virtuais e presenciais, que foram promovidos pela OEI desde o início de 2020, alcançou mais de 90 mil pessoas. Atividades que ajudam a minimizar os efeitos da pandemia, e agora contribuem com a retomada do setor.

Bússola: Quais as perspectivas de retomada dessa indústria?

Raphael Callou: A retomada passa pela formação de agentes, algo que o MICBR também irá promover com uma programação de capacitação que contará com 30 palestras. Depois é preciso dar visibilidade a esses empreendedores criativos e culturais e contribuir com o modelo de negócios do setor. Por isso, as expectativas são ótimas, o público está ávido para voltar a consumir cultura, e os criativos têm muito para apresentar. Nosso papel agora é o de contribuir para que essa reconexão aconteça de maneira segura e frutífera para todos.

Bússola: Qual a expectativa da OEI sobre os resultados práticos desse megaevento que envolve negócios, reúne empresas e empreendedores dos setores culturais e criativos do Brasil e de outros países?

Raphael Callou: A expectativa é, principalmente, contribuir com a retomada e recuperação do setor. Isso passa pela indução de novos negócios, facilitados por meio de eventos como o MICBR. O evento terá 115 empreendedores criativos e culturais e cem compradores dispostos a financiar projetos, produtos e serviços do setor. Além desse estímulo econômico, também esperamos que o MICBR seja uma grande vitrine da produção cultural nacional, e não voltada apenas internamente, mas também com vias à internacionalização de toda essa capacidade criativa que o Brasil possui como um de seus principais ativos perante o mundo.

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