Estudo da FGV diz que a obesidade não tem só a ver com alimentação (AFP/AFP)
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Publicado em 28 de abril de 2023 às 19h30.
Já se cristalizou a ideia de que a obesidade está associada principalmente ao consumo de determinados alimentos. No entanto, um novo estudo da FGV, intitulado “Obesidade e consumo das famílias brasileiras: diagnóstico e implicações para políticas públicas” e divulgado nesta semana, indica que este fator é pouco relevante se for analisado de forma mais ampla.
“Ao comparar indivíduos com peso normal e com sobrepeso, não houve diferenças estatisticamente significantes no consumo calórico, com a diferença média sendo de 5 Kcal. Contudo, o estilo de vida e modo de trabalho, bem como o fato de um indivíduo residir em zonas urbanas, aumentam a probabilidade de excesso de peso”, diz o economista Márcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP) e coordenador do trabalho.
Utilizaram-se dados da Pesquisa Nacional em Saúde (PNS), do Ministério da Saúde, e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, para entender as causas plausíveis da obesidade levando em conta os principais fatores relacionados a esta doença no país. Por meio de uma abordagem inédita, o estudo espera apoiar a criação de políticas públicas em saúde, aprofundando os conhecimentos acerca do tema e fazendo um mapeamento sobre as medidas mais efetivas de combate ao excesso de peso no mundo todo.
“Estamos falando de um problema de saúde pública global muito preocupante. Partimos de uma proposta multidimensional, integrando diferentes fatores que podem levar a ocorrência da doença. A pesquisa identificou, por meio de análises estatísticas que a idade, as condições socioeconômicas e a falta de atividade física são os principais fatores associados a prevalência da obesidade no Brasil”, destaca o docente.
Atividade física tem peso relevante
A associação entre a falta de atividade física e o consumo de determinados alimentos já vem sendo amplamente estudada ao longo do tempo enquanto indicador para obesidade. Entretanto, além dessas questões fisiológicas, metabólicas, os modos de vida e as questões socioeconômicas e demográficas, há outras influências a exemplo da genética, vícios como o tabagismo e alcoolismo, traumas psicológicos, distúrbios emocionais, entre outros que estão fortemente associados ao aumento de peso.
Além de observar os modos de vida da população brasileira, o professor Holland acredita ser necessário observar esses fatos sob uma perspectiva mundial. Ele afirma que alguns fatores como globalização e a importação do modo de vida de outras culturas, sobretudo no que diz respeito ao modo de vida americano, que foi abraçado pelos brasileiros, também possuem influência quando o assunto é obesidade.
“Normas culturais como o tempo despendido em frente à televisão, sobretudo com a ascensão de streamings, permitem observar quão impressionante é o tempo que as pessoas ficam em frente à TV, potencializando o sedentarismo, que está associado ao aumento de peso. Este fator pode ser somado a essas questões genéticas e psicossociais, além de possíveis tratamentos que o indivíduo passou, entre outros inúmeros fatores.”
População brasileira tem 20,1% de obesos
A obesidade é uma doença causada pelo excesso de peso, quando um indivíduo atinge o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 30 quilos por metro quadrado. Em níveis de comparação, uma pessoa com peso normal costuma ter um IMC de 18 a 24,9 quilos por metro quadrado. Qualquer número acima deste valor já pode ser considerado excesso de peso.
A PNS indica que atualmente a taxa de obesidade no Brasil está em 20,1%. No entanto, os pesquisadores da FGV EESP realizaram também uma projeção sobre a evolução da obesidade no país, e constataram que, caso a doença permaneça com a mesma taxa de crescimento atual, em 2030 ela vai atingir 24,5% da população. Porém, dentro desta taxa de crescimento, algumas parcelas da sociedade estão em maior vulnerabilidade.
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