Sequência de “Top Gun” rendeu 97% de aprovação no Rotten Tomatoes (Paramount Pictures/Divulgação)
Bússola
Publicado em 5 de junho de 2022 às 11h31.
Por Eduardo Camargo*
Em meio a uma onda de remakes e continuações duvidosas que marcaram época no cinema, o filme “Top Gun: Maverick” está de volta. O longa, que retornou após hiato de três décadas, tem chamado a atenção da crítica, pois além de apresentar as já aguardadas cenas de ação de tirar o fôlego, encontrou espaço para abordar dramas pessoais do protagonista. Até mesmo o futuro da relação entre o piloto e seu avião são questionados na trama.
Superando expectativas, a sequência de “Top Gun” rendeu 97% de aprovação no Rotten Tomatoes — a maior nota de um filme de toda a carreira do ator Tom Cruise. No entanto, outro fato chama a atenção na trama. Apesar de audacioso, o personagem insubordinado gera situações que colocam sua vida em risco, incomodando o seu superior, que pondera que os dias de pilotos de testes com humanos estão contados, dizendo: “não existe mais futuro para você!”. A partir de então, são listadas razões de por que o futuro está na automação: “Um robô não para para comer, não precisa dormir, não vai ao banheiro e é obediente com as ordens dadas”.
Mas, afinal, será que essa ideia trazida pela ficção está tão longe de se tornar realidade? De acordo com o estudo "Mobilidade do Futuro", da Allianz Partners, esse cenário deve se tornar realidade até 2040. O objetivo é construir um futuro sem acidentes e mortes no trânsito, seja aéreo ou terrestre. Consequentemente, isso impactaria também na agilidade da mobilidade, visto que não haveria mais engarrafamentos causados por acidentes decorrentes do excesso de velocidade, embriaguez, distrações de motoristas, entre outros. Ainda segundo o levantamento, a estimativa é que a maioria da população não terá mais carro particular, tornando-se assinante de mobilidade.
De olho no futuro e também nas finanças, as empresas estão cada vez mais atentas aos avanços da automação de veículos. Dados do Oliver Wyman Forum apontam que, até 2030, o mercado mundial de mobilidade deve crescer cerca de 75%, saindo de US$14,9 trilhões em 2017, para US$26,6 trilhões em 2030.
Contudo, há muito chão pela frente até que os pilotos se aposentem, afinal, um dos entraves no avanço da automação é a legislação. Antes desse cenário se tornar realidade, será necessário mudar as leis dos países. Neste processo, o carro terá de provar que sabe lidar com as situações mais adversas, comprovando ser mais seguro que a direção humana.
Neste contexto, além da provocação que o filme “Top Gun: Maverick” nos traz, uma coisa é certa: a questão não é mais se um dia teremos veículos automatizados tomando os céus e as ruas, mas quando isso acontecerá. A tecnologia tem avançado e a automação já faz parte da nossa rotina em vários segmentos como: indústria, contas a pagar e até mesmo a própria sinalização do trânsito já é feita de forma autônoma.
Embora muitas atividades já estejam sendo feitas de forma autônoma, grandes nomes da tecnologia como Peter Thiel, autor do livro “De zero a um”, apresentam uma visão do futuro, onde a robotização continuará contribuindo no aumento da escala de processamento, mas que nunca deixará de depender de um direcionamento estratégico humano. Ou seja, não haverá demissões, e sim um remanejamento das atuais funções, diminuindo as atividades operacionais e convertendo para cargos mais analíticos.
É provável que o piloto já tenha se aposentado muito antes de ser substituído por máquinas. Até lá, quem começa a voar alto e ganha cada vez mais espaço são os times de TI que trabalham duro para construir um futuro mais ágil, eficiente e seguro. O futuro da automação já começou e não vai demorar muito para a vida imitar a arte.
*Eduardo Camargo é sócio e CMO da Guiando, empresa especialista em desenvolvimento de tecnologias inteligentes para gestão automatizada de faturas.
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