A banda espalhou o que já era sucesso e chegou onde não iria chegar com um só sucesso (Divulgação/Divulgação)
Bússola
Publicado em 24 de julho de 2021 às 09h00.
Por Danilo Vicente*
Os números são absurdos. São tão gritantes quanto o mais peculiar sucesso musical deste um ano e meio de pandemia. Já ouviu falar de Eskimo Callboy e seu hit Hypa Hypa? No Brasil há quase nada sobre a banda da Alemanha e seu mais famoso single. Mas já são quase 14 milhões de visualizações do clipe no Youtube e 23 milhões de streams no Spotify. E isso é só parte do sucesso.
A Eskimo Callboy é uma banda de metalcore. Daí já vem uma dificuldade de ter qualquer resultado na casa dos milhões, afinal, o metalcore é um gênero musical restrito de público, que combina metal extremo e hardcore punk. Antes de estourar com Hypa Hypa, a banda já havia caminhado dez anos em busca do sucesso, com cinco álbuns lançados. Aí veio a fusão de eletrônico com metal misturada com a estética dos anos 1980, com direito a perucas com mullets.
Foi um tiro certeiro. É engraçado assistir ao clipe. Difícil desgrudar os olhos da tela. A música estourou por ser “pegajosa”, mas também por seu aspecto para lá de inusitado. Claro, o resgate dos anos 1980, querido de grande público, completou a tacada. E a Eskimo Callboy não parou. Soube usar uma excelente estratégia para crescer ainda mais: fechar parcerias.
Em setembro a banda lançou o disco MMXX (algarismo romano para 2020) com oito versões de Hypa Hypa! Reinterpretou muitas vezes o seu sucesso, sem medo de arriscar. Para a empreitada, convidou artistas alemães como a banda The Boss Hoss, que fez uma interpretação, digamos, country-rock. Já a dupla de DJs Gestort Aber Geil, a alternativa tecno. A banda Saltatio Mortis, medieval metal (é um rock). O multi-instrumentista Axel One fez uma opção um tanto gótica. Ainda tem rap com 257ers e pop com o cantor Sasha, talvez a mais anos 1980 de todas. E até concorrente direto, o grupo de metalcore We Butter The Bread With Butter.
Isso sem contar as versões menos famosas, como a “beat saber” — de sabre luminoso, o mesmo dos filmes da saga Star Wars, mas musicais —, que qualquer pessoa pode fazer, já que a banda liberou as versões da música.
Cada artista pegou seu segmento em cheio. E a Eskimo Callboy produziu variações de clipes para cada. Ou seja, espalhou o que já era sucesso, abriu o leque para diferentes públicos, chegou aonde não iria com apenas um sucesso. E deu uma aula de como usar as redes sociais e o mundo conectado.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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