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O que o investimento das empresas pode fazer pela cultura brasileira?

Investir em cultura vai além do apoio artístico; é fortalecer a identidade nacional, promover inclusão social e impulsionar o desenvolvimento econômico.

Dançarina de Frevo, expressão cultural típica brasileira (MesquitaFMS/Getty Images)

Dançarina de Frevo, expressão cultural típica brasileira (MesquitaFMS/Getty Images)

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Publicado em 2 de junho de 2025 às 10h00.

Por Amauri Vasconcelos, presidente da Brasilseg.

A cultura brasileira é uma das expressões mais ricas da nossa identidade enquanto povo. Diversa, plural e dinâmica, ela representa não apenas nossa história, mas também o potencial de transformação social que carregamos como nação. Nesse contexto, o apoio das empresas à cultura torna-se um importante vetor de desenvolvimento, inclusão e fortalecimento dos vínculos comunitários.

Investir em cultura é, portanto, mais do que uma ação institucional ou estratégica. É um compromisso com a valorização da diversidade, com a democratização do acesso ao saber e com a construção de um legado coletivo que atravessa gerações.

As leis de incentivo são ferramentas fundamentais para viabilizar esse compromisso, ampliando as possibilidades de atuação do setor privado no fomento a projetos culturais relevantes. Ao usarem mecanismos como esses, as empresas têm a oportunidade de se tornarem agentes ativos na promoção da cidadania e no fortalecimento da cultura nacional.

O significado amplo da cultura brasileira

Em 21 de maio de 2002, a ONU instituiu o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento. A data pode parecer apenas mais uma efeméride sem significado real. No entanto, ao falarmos em projetos culturais, estamos tratando, antes de tudo, de cultura. Mas, afinal, o que é cultura? Cultura tem uma definição ampla, mas está ligada tanto a ações concretas (materiais) quanto a manifestações simbólicas (imateriais).

Uma festa realizada em um bairro é uma expressão cultural; o futebol brasileiro também. Ao mencionarmos “projetos culturais”, portanto, não devemos restringi-los à produção artística ou a áreas específicas como literatura, teatro, dança ou música.

Neste ano, estiveram em cartaz peças que retrataram a vida e a obra de Chico Buarque, Tom Jobim, Tim Maia — artistas brasileiros que legaram contribuições não apenas ao Brasil, mas à própria humanidade. Não à toa, eles são reconhecidos mundo afora.

Exemplos de impacto social e cultural

No âmbito coletivo, um exemplo de projeto bem-sucedido é o da ONG Vaga Lume. Criada em 2001, a iniciativa voltada para crianças e adolescentes oferece oficinas de leitura, produção de livros artesanais e os distribui para mais de 90 bibliotecas comunitárias em zonas rurais, beneficiando 22 municípios dos nove estados que compõem a Amazônia Legal brasileira.

O exemplo da Vaga Lume faz parte da cultura não apenas por envolver atividades de acesso à educação. Ações de democratização da cultura e do saber, voltadas para “ajudar pessoas”, são uma característica do nosso povo. O “jeito brasileiro de ser” faz parte da nossa herança cultural.

Cultura como patrimônio coletivo

O que quero dizer é que cultura não é um “produto” individual, fruto exclusivo da criação artística. É, também, resultado de ações coletivas — um patrimônio construído pela sociedade e destinado às futuras gerações. Um legado que perpetua nossa identidade.

Ela não está desvinculada das outras esferas sociais. Quando uma empresa investe, via incentivo fiscal ou não, em projetos culturais, ela assume seu compromisso com o desenvolvimento social, portanto, ela também faz parte da construção da cultura de um povo.

O dado mais visível é que, ao fomentar a cultura, uma companhia contribui para a geração de empregos e para a dinamização da economia. Mas, para além dos benefícios econômicos, o incentivo à cultura promove a integração comunitária, reduz a violência e fortalece a coesão social.

Programas culturais que envolvem jovens em atividades artísticas têm demonstrado eficácia em afastá-los de situações de risco, proporcionando ambientes saudáveis de expressão e convivência construtiva.

Os benefícios sociais vindos do apoio a projetos culturais não são inteiramente mensuráveis, pois envolvem todas as dimensões de uma sociedade: econômica, social e cultural. A cultura não se encontra dissociada de nenhuma delas.

O papel estratégico do investimento cultural

Investir em cultura não significa apenas apoiar expressões artísticas: é reconhecer que ela atravessa todas as dimensões da vida em sociedade.

Quando uma empresa patrocina um projeto cultural, ela fortalece vínculos comunitários e assume papel ativo na preservação da diversidade que nos define.

Incentivar a cultura brasileira é afirmar o valor de nossa pluralidade e renovar, geração após geração, os sentidos que nos mantêm unidos como nação.

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