Bússola

Um conteúdo Bússola

O que o futuro reserva para este momento decisivo da pandemia no Brasil

Estamos em um momento decisivo da pandemia; em breve saberemos se estas flexibilizações terão efeito ou não na velocidade de contágio

Média móvel atinge 311 óbitos por dia, neste domingo; e a taxa de contágio também está em estabilidade (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

Média móvel atinge 311 óbitos por dia, neste domingo; e a taxa de contágio também está em estabilidade (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

B

Bússola

Publicado em 1 de novembro de 2021 às 14h30.

Última atualização em 1 de novembro de 2021 às 14h57.

Por Marcelo Tokarski*

O mundo rompeu neste fim de semana a triste barreira dos 5 milhões de mortes por covid-19. Até o momento que escrevo este artigo, já foram contabilizados oficialmente 5.017.631 vítimas da pandemia. Apesar de o cenário hoje ser bem melhor em termos de controle da pandemia, o Brasil segue como o segundo lugar com mais mortes em todo o planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, foram registrados até aqui 766.299 óbitos, o equivalente a 15% do total de mortes do globo. O Brasil tem 607.824 vítimas, ou 12% do total. O terceiro colocado nesse trágico pódio é a Índia, com 458.470 mortes, ou 9% do total. Dez países representam pouco mais de seis em cada dez mortes oficialmente vinculadas à covid (62%): além dos três acima, México (6%), Rússia (5%), Peru (4%), Indonésia, Reino Unido, Itália e Colômbia (3% cada um).

Já quando comparamos a taxa de mortes por 1 milhão de habitantes, uma fotografia mais real do tamanho da tragédia em cada país, o quadro é bastante diferente. O Peru é o país onde, proporcionalmente, a pandemia foi mais letal, com 5.963 óbitos para cada grupo de 1 milhão de habitantes. O segundo lugar é ocupado por Bósnia e Herzegovina (3.533) e o terceiro, pela Bulgária (3.489).

O Brasil ocupa a triste oitava posição, com média de 2.893 óbitos por 1 milhão de habitantes. Além dos três primeiros, estamos atrás apenas de Macedônia do Norte, Montenegro, Hungria e Gibraltar. Completam os dez piores lugares nesta comparação a República Tcheca e San Marino. Entre os países com população grande, somos o pior exemplo. Por qualquer prisma que se olhe, a história da covid mostra que o Brasil foi um dos piores lugares do mundo para se estar durante essa pandemia.

A visão pelo retrovisor é trágica, mas o que se pode ver pelo para-brisa traz algum alento. A pandemia no Brasil está hoje com a menor taxa de mortalidade em um ano e meio. A média móvel atingiu neste domingo 311 óbitos por dia, a menor desde 27 de abril. E a taxa de contágio também está em estabilidade, o que indica controle da pandemia, pelo menos por enquanto.

Flexibilização e o futuro

A população vacinada atingiu 73% com a primeira dose e 55% com D1+D2 ou dose única. Já estamos, finalmente, entre as populações mais vacinadas do mundo. Com o avanço da imunização e a queda no número de casos e mortes, muitos estados e cidades estão flexibilizando as regras de circulação.

A cidade de São Paulo, por exemplo, acaba de suspender as medidas, liberando a ocupação máxima e colocando fim às restrições de horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes, cinemas e casas de show. Restaram apenas o uso obrigatório de máscara em locais fechados e a exigência do comprovante de vacinação para eventos com mais de 500 pessoas.

No Distrito Federal, o governo pôs fim inclusive à obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre (em parques ou praças, por exemplo). Em locais fechados a exigência permanece.

Por tudo isso, estamos em um momento decisivo nesta pandemia. Em breve, saberemos se essas flexibilizações terão efeito ou não na velocidade de contágio. É possível trabalhar com várias hipóteses: o contágio continua mais ou menos controlado, como está hoje; o contágio até acelera, mas sem grande repercussão nos números de internações e óbitos; e não só o contágio acelera, mas voltaríamos a ter um número maior de casos e mortes.

No mundo, há exemplos que ilustram todos esses cenários. A dúvida é como isso se dará no Brasil, um país em que o histórico da pandemia não é nada favorável.

*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedInTwitter | Facebook | Youtube

Veja também

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusPandemiavacina contra coronavírus

Mais de Bússola

Climatechs: o setor emergente que pode transformar a resposta do Brasil à crise climática

Brasil recebe congresso de educação ambiental para países falantes da língua portuguesa

Distribuição pode ser fator determinante no crescimento do mercado de seguros na América Latina

Com educação, agronegócio pode acelerar modernização causando impacto social positivo