(Xavier Lorenzo/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 10h00.
Por Rapha Avellar, CEO e fundador da BrandLovers.
Viver de criatividade sempre foi o sonho de quem trabalha na Economia Criativa. Contudo, entre todos esses profissionais, talvez ninguém sinta tanto esse desafio quanto os creators — que transformaram audiência em ativo, mas ainda lutam para converter isso em sustento.
Para se ter uma ideia, apenas 37% dos mais de 5 mil criadores que responderam à nossa pesquisa Creator POV 2025 disseram que esse trabalho é sua principal fonte de renda. A maioria (54%) produz conteúdo para as redes sociais como renda complementar — o que poderia ser interpretado como uma escolha, se não fosse outro dado.
Segundo o estudo, 68% dos criadores afirmam que largariam tudo para viver só de conteúdo, mas com duas condições: se houvesse mais oportunidades e estabilidade financeira.
Fica claro que não é falta de vontade. É falta de estrutura — e esse é um desafio que interessa às marcas.
Para além de alinhamento de perfil, liberdade de criação e prazos razoáveis para desenvolver conteúdo relevante, o que os creators também esperam das marcas é um pouco mais de estabilidade.
Analisando os dados da pesquisa, descobrimos que dois grandes fatores que contribuem para o bem-estar dos criadores são fechar parcerias de longo prazo (62%) e ter previsibilidade de ganhos (60%).
E não poderia ser diferente! Hoje, 71% desses profissionais sentem pouca ou nenhuma segurança financeira na atividade. É o equivalente a trabalhar sem rede de proteção.
Fica, então, a pergunta: como um mercado que se vangloria de “democratizar vozes” ainda não conseguiu democratizar renda?
Parte da resposta está no modelo de remuneração. De acordo com o Creator POV 2025, 92% preferem pagamento fixo por campanha. Ou seja: não estamos falando de luxo, é sobre tratar a criatividade como uma atividade profissional, não como um hobby remunerado.
Na minha visão, o que falta para os criadores viverem hoje da sua criatividade não é talento, é um mercado estruturado. Isso significa relações de trabalho profissionais, remuneração justa e contratos que garantam estabilidade mínima.
E se engana quem pensa que as marcas estarão fazendo um grande favor aos creators. Elas também se beneficiam dessa mudança. Afinal, a saúde financeira impacta diretamente o bem-estar — e quando as pessoas estão seguras e tranquilas, conseguem dedicar mais energia criativa, produzir com mais consistência e gerar resultados melhores.
O conselho que dou para quem quer trabalhar com criadores de conteúdo é, em primeiro lugar, tratar o relacionamento como parte da estratégia, não como um gasto pontual de mídia.
Para construir uma relação que faça sentido para ambos os lados, vale também estabelecer acordos claros, respeitar a lógica da criação de conteúdo (que não é a mesma da publicidade tradicional) e criar espaço para que o criador traga seu valor único para a mesa.
Lembre-se: o futuro da Economia Criativa não será decidido apenas por quem tem mais verba, mas por quem sabe transformar colaborações em carreiras.