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O que esperar de 2021 no Brasil e em Brasília?

Artigo analisa os principais desafios do país para o próximo ano, as pautas prioritárias para o governo e os debates urgentes no Congresso

Esplanada dos ministérios em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Esplanada dos ministérios em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 20h55.

Última atualização em 7 de dezembro de 2020 às 22h10.

Espera-se que o governo federal e o Congresso entreguem seus compromissos no próximo ano, após um 2020 marcado pela pandemia e todos os desafios que a covid-19 trouxe. Em 2021, uma agenda estruturante será definida em Brasília, ainda que sob a tensão permanente de uma possível segunda onda da pandemia e sobre os debates em torno da compra das vacinas e quem será imunizado primeiro. Será uma foice sobre nossas cabeças...

Mas a vida segue. Em janeiro, toma posse o novo presidente dos Estados Unidos e deve-se observar como o Brasil vai se comportar com relação às mudanças na Casa Branca. A posição de Joe Biden no Senado americano também será definida na Georgia e Brasília vai acompanhar com atenção.

Em fevereiro, haverá eleição das presidências da Câmara e do Senado. Devem ser retomados debates que ficaram mornos em 2020, como o da reforma tributária e a reforma administrativa neste debate, o mais forte lobby brasileiro, o da elite do funcionalismo público, vai mostrar suas garras. Na economia, o mais importante foco de tensão é a saúde fiscal do país.

Outro debate importante será o do Renda Brasil ou a reforma que o governo Jair Bolsonaro que fazer (?) no Bolsa Família. Se é fato que o enfrentamento à covid-19 ainda não terminou e os estragos da crise persistem, uma possível prorrogação do auxílio emergencial ganhará cada vez mais adeptos no debate público.

A natureza econômica brasileira demanda estímulos oficiais desde sempre. O papel do investimento público também é determinante. O país entrará o novo ano com mais de 20 milhões de brasileiros praticamente sem renda.

Na infraestrutura, há poucos recursos para alavancar projetos, por isso, a União deve acelerar concessões. Em junho, espera-se o edital do 5G, que, mais que uma nova tecnologia de telecom, será um enabler de milhares de novos negócios, no agro, na indústria 4.0, no entretenimento, na educação, nas aplicações de inteligência artificial. O debate será quente pelas disputas geopolíticas entre a China e os Estados Unidos.

A energia será outro ponto de atenção. Há reservatórios estressados e poucos projetos para dar conta de garantir nosso principal gerador de eletricidade: a água.

Brasília viverá ainda as tensões, avanços e recuos na agenda de privatização. As maiores expectativas são Correios e Eletrobras. Não será simples, mas definitivo para mostrar a força de vontade e de convencimento do ministro Paulo Guedes. E as questões estão à mesa: o governo será capaz de resolver todos os difíceis detalhes de duas privatizações? E o cardápio do PPI, com 115 projetos de concessão ou parceria com a iniciativa privada, terá fôlego suficiente? De onde virão os recursos?

Viveremos ainda o sprint para a entrada do Brasil na OCDE, a questão ambiental e a imagem do Brasil lá fora.

No limite, o Brasil encontra-se à beira de um ponto de virada. Sem investimentos, sem recursos, sem respostas robustas e com um debate que não pode se deixar apequenar nas telecomunicações, o país corre o risco de perder relevantes posições de tecnologia frente aos seus principais concorrentes externos e, por consequência, poderá abrir mão de importantes fatias de mercado.

A educação precisa de atenção especial. Estamos no meio do processo da implementação da Base Nacional Comum Curricular, que busca atualizar a forma de ensinar no Brasil. Estados e municípios têm avançado, mas precisam de apoio do governo federal, principalmente depois de um ano absolutamente atípico no qual mais de 8 milhões de crianças ficaram sem acesso regular à escola. O Executivo também tem jogado contra a regulamentação do novo Fundeb, como aprovado pelo Congresso. Quem mais vai sentir o jogo são os municípios, sobretudo os mais pobres, e claro, professores e crianças.

Também é preciso ampliar investimentos públicos e privados em pesquisa, ciência e inovação. Isso é básico no processo de reconstrução da economia brasileira.

A aprovação da manutenção do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, as tendências de transformação digital, a exploração da inovação aberta serão fundamentais para endereçar o investimento no futuro do país e na sua capacidade de seguir sendo um player relevante no xadrez global.

*Rachel Mello é diretora de planejamento da FSB Comunicação; Luciano Pires é consultor em inteligência de mídia.

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