Não se trata de lutar contra a tecnologia, mas de caminhar com ela (Saksit Sangtong/Getty Images)
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Publicado em 31 de julho de 2025 às 10h00.
Por Diego Nogare*
A inteligência artificial (IA) multimodal está redefinindo a maneira como interagimos com a tecnologia e, consequentemente, com o ambiente de trabalho. Essa capacidade de processar e integrar informações de diversas modalidades – texto, código, áudio, imagem e vídeo – permite que a IA execute tarefas complexas e compreenda contextos de maneira mais profunda.
Essa transformação já é percebida por muitos profissionais em suas atividades cotidianas, marcando o início de uma nova era na relação entre humanos e máquinas. A automação de tarefas que antes exigiam processamento humano de dados variados é apenas o começo, abrindo caminho para novas e significativas formas de colaboração.
Historicamente, o surgimento de novas tecnologias sempre gerou receios sobre a substituição de empregos. No entanto, a IA, especialmente a multimodal, deve ser vista não como uma ameaça, mas como uma poderosa ferramenta de produtividade.
Ela não substitui o profissional que sabe utilizá-la, mas sim potencializa suas capacidades, tornando-o mais rápido, produtivo e relevante no mercado. A IA multimodal, ao automatizar tarefas repetitivas e acelerar análises, libera os profissionais para se concentrarem em aspectos mais estratégicos e criativos de seus trabalhos.
Essa capacidade de processar e correlacionar informações de múltiplas fontes significa que certas tarefas rotineiras podem ser automatizadas, permitindo que o foco humano se volte para a interpretação de dados, tomada de decisões complexas, criação de conteúdo original e estratégico, empatia, negociação e relacionamento – habilidades que ainda são exclusividade da mente humana. A colaboração entre humanos e máquinas, portanto, não é apenas possível, mas essencial para o avanço e a eficiência no ambiente de trabalho.
A IA multimodal já pode ser encontrada em diversos setores, transformando a maneira como interagimos com a tecnologia e com o mundo. Um exemplo notável é o Google Gemini, que representa um avanço significativo nesse campo. Ele é capaz de entender e operar através de diferentes tipos de informações como texto, código, áudio, imagem e vídeo, permitindo que a IA execute tarefas complexas e compreenda contextos de maneira mais profunda.
No campo da medicina, a IA não substitui o médico, mas aprimora suas capacidades de diagnóstico e análise. Sistemas multimodais estão sendo desenvolvidos para analisar imagens médicas (como raios-X e ressonâncias magnéticas) em conjunto com históricos de pacientes e notas clínicas. Essa integração de dados auxilia diretamente no diagnóstico e tratamento, transformando a maneira como os profissionais da saúde abordam seus casos.
Da mesma forma, a Meta tem explorado a IA para melhorar experiências em realidade virtual e aumentada, permitindo, por exemplo, avatares realistas que respondem a expressões faciais e comandos de voz, gerando uma experiência imersiva e natural. Esses exemplos demonstram como a IA multimodal está sendo aplicada para otimizar processos e criar novas possibilidades em diversas áreas, reforçando seu papel como uma ferramenta de apoio e aprimoramento das capacidades humanas.
O desenvolvimento de sistemas de IA multimodal apresenta desafios significativos, como a heterogeneidade dos dados (texto, imagem, áudio possuem estruturas e formatos diferentes), a sincronização de contexto em cenários com áudio e vídeo, e a interpretabilidade dos modelos. Compreender como um modelo chega a uma determinada decisão é crucial para a confiança na IA multimodal. Apesar desses desafios, a história mostra que a tecnologia sempre transformou a forma como trabalhamos, e a IA não é diferente.
Algumas tarefas mais operacionais e repetitivas podem ser automatizadas, mas isso não significa desemprego em massa. Pelo contrário, profissões ligadas à criatividade, estratégia, análise, relacionamento humano e tomada de decisão tendem a ganhar ainda mais valor. A IA não tira o emprego de quem domina seu uso, mas amplia suas possibilidades profissionais. Portanto, a atualização constante e a disposição para aprender a utilizar essas ferramentas são essenciais para se manter relevante no mercado de trabalho.
A inteligência artificial multimodal representa um salto significativo na capacidade dos sistemas de IA de compreender e interagir com o mundo real. Embora a preocupação com a substituição de empregos seja legítima, é fundamental entender que a IA substitui tarefas, e não profissionais. Aqueles que se atualizam e aprendem a utilizar a IA como uma aliada se tornam mais produtivos, criativos e estratégicos. A IA é, acima de tudo, uma ferramenta poderosa que, se bem utilizada, pode transformar a carreira e o trabalho, impulsionando a inovação e a eficiência.
Não se trata de lutar contra a tecnologia, mas de caminhar com ela, aproveitando as oportunidades que ela oferece para um futuro do trabalho mais colaborativo e inteligente.
*Diego Nogare tem mais de 20 anos de experiência na área de Dados, com foco em Inteligência Artificial e Machine Learning desde 2013 e já passou por grandes empresas como Microsoft, Deloitte, Bayer e Itaú.
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