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O que as empresas estão fazendo para conquistar e reter talentos

Cursos gratuitos com possibilidade de contratação, semana de trabalho mais curta e programa de parceria são algumas estratégias das empresas

Mundo do trabalho está passando por uma revolução, que começou antes mesmo da pandemia. (Alistair Berg/Getty Images)

Mundo do trabalho está passando por uma revolução, que começou antes mesmo da pandemia. (Alistair Berg/Getty Images)

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Publicado em 26 de abril de 2022 às 17h33.

Segundo relatório global da consultoria LLYC, feito em parceria com a Organização Internacional de Executivos de Capital Humano, entramos na era em que o profissional qualificado ganhará cada vez mais poder de decisão sobre sua carreira. Já um estudo do LinkedIn, realizado em 2021 com mais de mil respondentes, aponta que 49% dos brasileiros estão considerando mudar de emprego em 2022. Esta porcentagem é ainda mais alta para os profissionais jovens de 16 a 24 anos (61%). Tais números são refletidos nas empresas, que cada vez mais enfrentam o desafio de como conquistar e reter talentos.

O desafio passa a ser ainda maior, por exemplo, para empresas que lidam com tecnologia e marketing digital, áreas que ganharam ainda mais destaque nos últimos dois anos, e sofrem com a rotatividade de talentos. Criada no início de 2021, a Adsplay Educação, unidade de ensino do grupo 365, surgiu com o objetivo de oferecer maior capacitação aos profissionais que atuam no mundo da mídia online, assim como àqueles que desejam iniciar nesta área. A plataforma conta com quatro cursos gratuitos: Google Ads, Facebook Ads, Google Analytics e Mídia Programática.

Edu Sani, CEO da empresa, afirma que o objetivo inicial era capacitar o próprio time para melhorar ainda mais a qualidade das entregas aos clientes. Porém, ele acreditava que tal expertise precisava ser compartilhada com mais pessoas. “Ao vermos a ideia dando certo, começamos a expandir esses treinamentos para os nossos clientes”, conta Sani. Além disso, a empresa investiu em conteúdos educativos no Youtube, assim como podcasts e um livro, o “Mídia Programática de A a Z”, cedido para bibliotecas e universidades.

Tais iniciativas já começaram a render frutos, como a contratação da estagiária Ivana Ferraz, de 26 anos, que no ano passado, após realizar os cursos gratuitos, foi chamada para uma entrevista e contratada pelo The 365 Group.

“Me contaram que foi a contratação mais rápida que já fizeram. Tive apenas três dias para organizar toda a documentação”, diz ela que trabalha como social media, área que pretende seguir. Ela conta que também não esperou as coisas acontecerem sozinhas, e durante o curso fazia questão de marcar a empresa em fotos e conteúdos postados em suas redes sociais, buscando chamar a atenção.

“Não são apenas as empresas que buscam novas formas de encontrar colaboradores. Quem quer trabalhar também precisa se reinventar desde o conhecimento até a forma de mostrar o que quer”, declara Ivana.

Recentemente, a Adsplay Educação também firmou uma parceria inédita com a New School, startup social de educação, visando expandir seus cursos para jovens das periferias.

“Além disso, o mercado de tecnologia carece de mão de obra qualificada, então temos uma oportunidade para também contribuir com o mercado. Não adianta reclamar do cenário atual e não fazer nada para mudar”, diz Sani.

De funcionário a dono

Um modelo ainda tímido, mas que já conta com adeptos convictos por ir bem além dos tradicionais bônus, é o de partnership, do inglês “parceria”. A ideia é trazer o funcionário para o outro lado da mesa, a fim de pensar, agir e ganhar com “coração de dono”. Eleita umas das melhores empresas para se trabalhar pela Great Place to Work 2020, a consultoria de inovação digital GO.K lançou seu programa de partnership em janeiro de 2021 e abriu 25% das ações para distribuir entre os colaboradores mais engajados.

Ser o único sócio-fundador há 11 anos e incomodava muito o CEO Cristiano Kanashiro. Após alcançarem 60% de crescimento em 2020, ele decidiu colocar o antigo plano em ação, com o propósito de compartilhar com quem esteve presente na trajetória da empresa, trouxe resultados sucessivos e, mais do que vestir a camisa, ‘tatuou’ a empresa.

Os candidatos são escolhidos de acordo com avaliações feitas ao longo do ano e concorrem a uma ou mais categorias, entre Veteranos (pessoas com mais de cinco anos de casa), Black Belt, Embaixador, Big Boss, MPV (Gokers Juniors), Empreendedor e The Owner. A empresa vota e elege os três melhores de cada categoria, além de um “Goker do ano”.

Também investindo em capacitação, a GO.K fechou uma parceria com a Mais1Code, escola de programação que transforma jovens de baixa renda em profissionais de tecnologia, com o objetivo de fomentar, neste primeiro piloto do projeto “GO.K Reprograma da Quebrada”, a formação de 30 deles durante dez meses e meio, com a meta de chegar a mil jovens em 2022. Após a aplicação da metodologia da instituição, com LAB Mindset, Universidade Mais1Code e Trilha de Desenvolvimento Profissional, todos os participantes terão a chance de conquistar uma vaga no time da consultoria.

Semana mais curta

Outra iniciativa que as empresas vêm tomando não apenas para reter talentos mas para investir na qualidade de vida, é a semana mais curta. É o caso do estúdio de branding e design Rebu, que recentemente adotou a política  interna de 4 dias trabalhados na semana. “Estudos nacionais e internacionais comprovam aquilo que acreditamos: foco, estudo, liberdade criativa e tempo de qualidade proporcionam saúde mental, dedicação, satisfação e trabalhos incríveis em sua entrega final. É o nosso ‘oxigênio necessário para a criatividade respirar”, diz Pedro Mattos, diretor criativo do Rebu.

A tendência é realidade em diversas partes do mundo. A Islândia, por exemplo, testou uma semana de trabalho de apenas quatro dias e o resultado foi um sucesso, segundo pesquisadores.

O resultado foi que a produtividade foi a mesma ou melhorou na maioria dos locais de trabalho. Além disso, os trabalhadores relataram se sentir menos estressados ou com menor risco de esgotamento. Houve ainda melhora na saúde e maior equilíbrio entre vida profissional e familiar.

A jornada semanal de 40 horas passou para 35 ou 36 horas, com os trabalhadores recebendo a mesma remuneração. Os resultados levaram os sindicatos a renegociar os padrões de trabalho, e 86% da força de trabalho mudou as escalas para menos horas trabalhadas, mas com a manutenção dos salários.

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