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O que a geração Z realmente quer?

Será que a geração Z é tão ruim quanto te fizeram pensar? Confira a coluna de Bia Félix para saber

"É muito comum vermos diversas notícias reclamando do comportamento da geração Z" (PeopleImages/Getty Images)

"É muito comum vermos diversas notícias reclamando do comportamento da geração Z" (PeopleImages/Getty Images)

Bia Félix
Bia Félix

Influenciadora e Colunista Bússola

Publicado em 25 de abril de 2024 às 13h00.

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Na semana passada fiz um vídeo no TikTok falando sobre um assunto que, inclusive, já tinha sido pauta por aqui na coluna "por que o conflito intergeracional é contraproducente?". Nela, falo sobre opiniões um tanto quanto polêmicas acerca da geração Z no mercado de trabalho. O vídeo rendeu tanta discussão que decidi trazer essa pauta novamente para o texto desta semana.

É muito comum vermos diversas notícias reclamando do comportamento da geração Z. É comum ouvir e ler que trata-se da geração mais ansiosa e deprimida de todas, que cresceu na era narcísica e da comparação com as redes sociais e que tem dificuldades no ambiente de trabalho, com jovens levando os pais nas entrevistas de emprego.

A geração Z é muito mais do que isso. Mas, neste momento, não vou defendê-la.

Sabe por quê? 

Porque… sim, existem profissionais ruins da geração Z. Converse com qualquer gestor ou profissional das outras gerações que você receberá algum tipo de queixa. 

Para mim é claro, não? A isso, damos o nome de imaturidade. Ou de incompetência. Mas essa última, existe entre todas as gerações.

Existe também um contexto de privilégio, que possibilita externalizar a insatisfação no mercado de trabalho. Os millennials foram atrás de emprego logo após a crise de 2008, quando a oferta de trabalho era menor e negociar salários não era uma alternativa viável. Por isso, a solução pareceu ser trabalhar cada vez mais

Trabalhar para viver e não viver para trabalhar

A geração Z, observando que esse movimento de priorizar o trabalho acima de tudo não adiantou para as gerações anteriores, está buscando redefinir valores. Pense comigo: todo esforço visa um fim. Se trabalhar até o esgotamento, além das horas e abdicar de momentos importantes é garantia de uma qualidade de vida futura, até seria justificável que a geração Z estivesse seguindo esse caminho.

Para nós, “zoomers”, tornou-se evidente que investir todo o tempo e recursos no trabalho tradicional não é garantia da aquisição de bens – como uma casa ou um carro – em um futuro próximo. Então, por que não buscar uma vida mais equilibrada? Essa preocupação, levantada pela geração Z, não é única a ela. De fato, 81% dos brasileiros afirmaram desejar equilíbrio entre vida pessoal e profissional após a pandemia.

Impactos no ambiente corporativo

Essa nova visão pressiona também o mercado de trabalho tradicional a fazer mudanças caso desejem reter os funcionários da geração Z – que, neste ano, deverá responder pela maior fatia de trabalhadores. A qualidade de vida passa a ser um benefício corporativo. Olhando assim, a troca de nome do GymPass para Wellhub parece até fazer mais sentido.

Como nossos pais

No final, é importante entender que nem todas as queixas da Gen Z são exclusivas dela. Muitas são simplesmente questões de jovens no primeiro emprego, cercados ainda de algum idealismo. Na prática, sabemos que nem todos os desejos se transformarão em realidade, assim como aconteceu com todas as gerações anteriores. Olha só o que diz esse trecho de uma matéria da Quartz que compara a Geração X (nascidos entre 1964 e 1983) com Millennials:

"Os membros da Geração X, dos seus 20 anos até meados dos 30 anos, geralmente são menos formais no vestuário e nos hábitos de trabalho. Eles preferem horários mais flexíveis e não veem motivo para não se divertirem no escritório. Já os baby boomers, dos seus finais dos 30 anos até o início dos 50 anos, adotam uma abordagem mais tradicional, de dedicação total ao trabalho." —The Charlotte Observer, 1999

Parece familiar, não?

Por fim, reforço mais uma vez que precisamos evitar as generalizações e buscar uma compreensão mais profunda, embasada em dados, antes de expressar opiniões, tanto online quanto offline. Só assim implementaremos mudanças para um ambiente de trabalho melhor para todos, não só para geração Z.

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