Trecho do vídeo "Código Dove: A construção de um futuro livre de estereótipos" (Dove / YouTube/Reprodução)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 6 de agosto de 2024 às 07h00.
Por Kelly Pinheiro e Denis Zanini Lima*
Primeiramente, precisamos dizer que há um quê de magia quando uma marca transcende o mero propósito comercial e abraça uma causa maior. É como se, de repente, ela se tornasse mais do que uma simples empresa, transformando-se em um agente de mudança social. É exatamente isso que vemos acontecer com a Dove Brasil, um exemplo vivo de como marcas fortes podem ter propósitos ainda mais fortes, impactando, educando e transformando vidas.
Recentemente, a empresa lançou sua nova campanha “O Código Dove”, que reflete sobre o impacto da inteligência artificial numa era que prevê que 90% dos conteúdos on-line serão gerados por IA até 2025. Assim, fica o questionamento: perderemos espaço para retratar belezas verdadeiras e pessoas reais?
É entre os questionamentos sobre o espaço crescente de conteúdos artificiais que aprendemos a ver o valor das marcas que, além de levantar bandeiras, arregaçam as mangas e desenvolvem iniciativas para navegar nesse mar muito perigoso.
A Dove há muito tempo trabalha os cuidados com a mulher de forma integral, com seus tradicionais produtos de higiene e beleza que vemos nas prateleiras dos mercados, farmácias, e negócios físicos ou on-line.
Hoje em dia, a marca tem promovido reflexões e debates essenciais sobre a verdadeira beleza feminina, sem artifícios, sem retoques, sem filtros. E isso é muito importante, para inúmeros setores. E é imprescindível estressar esse tópico, pois somos pessoas reais, com falhas reais, que ainda buscam mais representatividade sem estereótipos na internet.
Se hoje, inúmeras pessoas se sentem pressionadas a mudar sua aparência por conteúdos online, imaginem a crescente influência que a inteligência artificial pode exercer nesse cenário com seus padrões irrealistas e impossíveis de serem alcançados.
Nós, profissionais de comunicação, marketing, publicidade, design e uma gama diversificada de campos afins, estamos testemunhando uma era de transformação sem precedentes impulsionada pela inteligência artificial. O crescimento exponencial do espaço para essa tecnologia tem impactado profundamente nossos setores, trazendo tanto promessas de avanço como desafios significativos.
O estudo "Marketing Trends 2024", realizado pela Kantar, revela uma perspectiva otimista em relação à IA entre os profissionais de marketing. Com 67% deles expressando uma visão positiva sobre as possibilidades oferecidas pela mesma, sendo que entre as atividades que as agências têm usado para experimentar com a IA generativa estão a criação de conceitos visuais e a concepção de narrativas.
No entanto, é crucial reconhecer que, apesar do entusiasmo em torno do potencial do tema, há uma grande necessidade de manter o olhar e os cuidados humanos no processo de concepção e criação. Embora a IA seja capaz de gerar conceitos visuais e narrativos de maneira eficiente e inovadora, ela carece da sensibilidade, intuição e empatia que apenas os seres humanos podem oferecer.
É aqui que a campanha da Dove nos ensina algo muito importante: ir mais longe ao integrar as tendências mais atuais ao trazer para pauta o uso de inteligência artificial. É um movimento audacioso, mas necessário, que a coloca na vanguarda não apenas da indústria da beleza, mas também do ativismo social.
A marca teve a sensibilidade de entender que sua missão não se restringia apenas a oferecer cosméticos, mas sim a promover uma verdadeira revolução na maneira como as mulheres enxergam a si mesmas. E como ela faz isso? Optando por não seguir o caminho convencional de modelos irreais, colocando em destaque a beleza real da mulher.
É fundamental que os profissionais e as empresas de todos os portes não apenas abracem as oportunidades oferecidas por novas tendências, mas também atuem como guardiões da integridade e autenticidade das mensagens transmitidas, garantindo que elas ressoem verdadeiramente com o público-alvo.
O segredo ainda permanece o mesmo: combinar a tecnologia e a sabedoria humana para garantir que as campanhas sejam impactantes e significativas, capazes de estabelecer conexões genuínas e duradouras com os consumidores.
*Kelly Pinheiro é jornalista e fundadora e sócio-diretora da Mclair Comunicação e Denis Zanini Lima é CEO da Ynusitado Marketing Digital Intelligence
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube