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O medo de férias já está rondando a sua empresa?

Muitos colaboradores optam por não tirar férias por medo de serem penalizados ou se tornarem dispensáveis

 RH deve considerar as férias como um recurso em benefício da saúde mental (RainStar/Getty Images)

RH deve considerar as férias como um recurso em benefício da saúde mental (RainStar/Getty Images)

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Publicado em 29 de junho de 2023 às 10h34.

Por Bruno Carone*

Férias é um período de descanso em que os profissionais deveriam aproveitar para relaxar, recuperar energias e, assim, voltar ao trabalho com mais condições físicas, emocionais e mentais para criar e produzir. Nesse mundo ideal, os empregadores, por sua vez, reconheceriam que a falta de descanso adequado impacta de maneira negativa e direta na saúde física e mental da equipe e, consequentemente, na produtividade e na qualidade do trabalho dessas pessoas.

Infelizmente, essa não é a regra geral. Ainda existem colaboradores que não saem de férias ou não se desconectam no período de descanso por medo de serem penalizados ou se tornarem dispensáveis. Além disso, há líderes que ficam tão submersos nas obrigações do dia a dia que ficam sem perspectiva sobre a necessidade básica de descanso do time.

Como descansar de verdade?

Como o cenário acima é bastante comum, reuni algumas recomendações que acredito serem úteis para auxiliar colaborador e empregador a transitarem melhor pelo tema férias. Os departamentos de RH devem sempre considerar as férias como um recurso em benefício da saúde mental do colaborador e não apenas como um direito trabalhista. É muito importante avaliar e programar o período de férias junto com o colaborador e a gestão de acordo com a dinâmica da empresa e também com as necessidades pessoais dos profissionais.

Cada vez mais, novidades estão surgindo na área de benefícios, por isso, é importante sempre manter a estratégia do pacote alinhada com as tendências. O benefício de viagens é algo inovador e que auxilia na atração e encantamento dos melhores profissionais. Além disso, a flexibilidade desta solução permite ao colaborador escolher quando, para onde e com quem deseja viajar. Outro ponto importante é incentivar as lideranças a usufruírem das próprias férias de maneira adequada. Isso significa programar o descanso com antecedência para saber as ações que precisam ser concluídas antes da saída, delegar funções e realmente desconectar do trabalho.

Os gestores precisam ser orientados sobre como apoiar o descanso dos liderados de maneira adequada, por meio de atitudes, palavras e exemplos. Antes de liberar o colaborador para o período de férias, é necessário dedicar um tempo para entender como estão as percepções desse profissional com relação ao período. E no retorno, chamá-lo novamente para uma conversa de boas-vindas.

Já os colaboradores precisam estar atentos a outros pontos, igualmente importantes. Férias é um direito do trabalhador. Então, não se deve ter medo de se ausentar. A nova lei permite fracionar as férias em três períodos diferentes. Vale conversar com o RH da empresa para entender detalhes dessa nova regra e como ela funciona dentro da realidade do negócio. Nessa reflexão, é importante não esquecer de considerar também como a dinâmica de descanso funciona para cada indivíduo.

Uma atitude crucial é sempre combinar com antecedência o afastamento dos colaboradores. Assim, além de cada um poder programar melhor o seu período de descanso, todos ainda terão tempo para organizar as atividades que estão sob sua responsabilidade, concluir ações importantes e delegar funções. Antes de sair de férias também é essencial agendar uma reunião com o seu líder direto e com a equipe para que todos estejam cientes da situação das atividades e dos projetos que estão sob a sua responsabilidade.

 O que fazer com o medo?

Caso tenha inseguranças com relação ao período de ausência, o colaborador deve buscar aconselhamento com seu líder direto ou, quando a conversa com o gestor não for fluida, com um dos profissionais de RH. O ideal é que o colaborador consiga desconectar-se durante as férias. Evite acessar e-mails ou mensagens instantâneas profissionais no período de descanso. Se algo extremamente urgente acontecer, alguém vai tentar entrar em contato.

No Vale do Silício, onde estive há alguns anos, os profissionais são incentivados a cumprir as jornadas de trabalho, sem sacrificar seus momentos de lazer. Lá, assim como nas organizações mais maduras ao redor do mundo, a eficiência é medida pelos resultados e não pelo número de horas trabalhadas. Esse conceito mantém as pessoas engajadas ao ponto de se apresentarem prontamente em caso de alguma crise.

Acredito que se a empresa não tiver uma cultura de descanso bem formatada e compreendida pela liderança, nenhuma ferramenta para promover o descanso, a saúde e o bem-estar dos colaboradores vai ser eficiente. Sem qualidade de vida e de trabalho, todos os envolvidos perdem.

*Bruno Carone é cofundador e CEO do Férias & Co.

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