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O dilema de Naomi Osaka

A recusa da jogadora de tênis em participar de entrevistas coletivas causa debates em todo o mundo

O piloto Lewis Hamilton saiu em defesa da tenista. (Susan Mullane/USA TODAY Sports/Reuters)

O piloto Lewis Hamilton saiu em defesa da tenista. (Susan Mullane/USA TODAY Sports/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2021 às 08h00.

Por Danilo Vicente*

A japonesa Naomi Osaka é a sensação do tênis mundial. Alguns motivos: surgiu há quase três anos vencendo a ícone do esporte Serena Williams na final do Aberto dos Estados Unidos (primeira asiática a ganhar torneio de Grand Slam), de lá para cá teve uma ascensão meteórica até o segundo lugar no ranking mundial, herdou uma história incrível de superação ao racismo (seu pai, haitiano negro, foi rejeitado pela família de sua mãe, japonesa) e se posiciona sobre questões importantes da sociedade.

Agora há mais um motivo, e esse a tirou da “bolha” do tênis. Naomi abandonou o torneio de Roland Garros, na França, após a organização lhe aplicar uma multa de US$ 15 mil por não comparecimento à entrevista coletiva pós jogo. Sua atitude levantou ataques e defesas por todo o planeta.

Na quinta-feira, o piloto Lewis Hamilton a defendeu. Não foi o primeiro, não será o último. Naomi alegou que vem sofrendo "enormes ondas de ansiedade" e "longos surtos de depressão". Seu lado humano tem pesado em quem a defende.

Justo, correto, importante

Mas há o outro lado da história (sempre há). Dirigentes do tênis prometeram apoio a Naomi, mas expuseram o dilema de um esporte que vem definhando, especialmente com a chegada da pandemia.

O tênis gera cerca de US$ 2 bilhões por ano. Porém, em grande parte do mundo, principalmente nos Estados Unidos, a cobertura do esporte tem sido cortada das empresas de mídia. Ano passado a audiência da ESPN americana caiu 47% na transmissão de tênis. Veículos relevantes já não enviam seus repórteres. O tênis tem pouca renovação: há décadas se ouve sobre as irmãs Williams, Rafael Nadal, Roger Federer e Novak Djokovic. Naomi é uma exceção, a novidade que tanto cativa.

E aí uma das principais atrações de Roland Garros, se não a principal, resolve não dar entrevistas. Isso significa que os patrocinadores, que gastam milhões para colocar suas marcas em backdrops e à mesa do microfone, não irão aparecer.

A organização do torneio relatou que a punição a Naomi foi por isonomia. Quem entra no torneio tem a obrigação de comparecer às coletivas, independentemente se está entre os principais concorrentes ou não. Se Naomi não precisa comparecer a essas coletivas de imprensa, os outros também não. Com isso, abre-se uma brecha para que o valor dessas negociações com patrocinadores caia significativamente.

Há solução? Sim, que cada lado olhe para o outro. É importante que Naomi se sinta bem e sua questão de saúde seja respeitada. Entretanto, obrigações de trabalho todos têm, muitas chatas e repetitivas. E Naomi é uma jogadora profissional de tênis.

Que a tenista esteja plenamente saudável para poder enfrentar as perguntas e respostas após suas vitórias ou derrotas.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

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