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Publicado em 4 de setembro de 2023 às 11h48.
Por Claudia Elisa Soares*
Acabou de sair do forno a pesquisa “O Futuro dos Conselhos de Governança 2022-23”, produzida pela GNDI – Global Network of Directors Institute.
Realizado com 1.071 profissionais de todo o mundo (entre conselheiros, CEOs, diretores), o estudo indica quais são as prioridades e os principais desafios para a governança nos próximos anos.
Os dados são reveladores e nos dão insights valiosos para repensarmos macroestruturas de gestão globais, em especial quando voltamos nosso olhar para o primeiro lugar do ranking, que ganhou “de lavada” dos demais.
Este, na verdade, é o grande dilema que permeia a governança atual. Sabe aquela história de ficar equilibrando pratos, com um olho no peixe e outro no gato?
São vários contextos interligados – internos e externos – que precisam ser analisados e administrados simultaneamente com eficácia, pois um vacilo pode significar a quebra dos pratos ou o sumiço do peixe.
Todos os contextos são importantes, mas é dever do board ser 100% diligente, sabendo distribuir corretamente pesos e contrapesos para manter a empresa no prumo, resistindo à pressão de alguns acionistas imediatistas e às oscilações do mercado.
É claro que as situações que pedem respostas imediatas – como a volatilidade das condições políticas e econômicas, a adaptação dos processos ao ESG e a disrupção tecnológica – não podem ser negligenciadas.
Mas os conselhos precisam garantir que suas organizações se concentrem no crescimento de longo prazo. Por vezes, o aparecimento de situações passageiras acaba se tornando “distrações” que podem levar a corporação para longe do seu objetivo.
Sabemos que, em tese, cumprir fielmente o plano macroestratégico desenhado pelo conselho aumenta as chances de sucesso no futuro. Ter a consciência disso e lutar por ele – como indica a pesquisa – já é um grande passo.
O segundo colocado no ranking, obtendo 39% da preferência dos respondentes, está intrinsicamente ligado ao primeiro, criando uma espécie de arcabouço da governança atual.
Estamos falando da “continuidade do negócio e o poder de resiliência”. Na busca pelo crescimento a longo prazo, será importante que os conselhos garantam que suas organizações sejam resilientes ou facilmente adaptáveis a grandes mudanças no ambiente econômico.
O mercado é cheio de sutilezas e nuances, e por isso os integrantes do conselho devem estar abertos a debates que envolvam situações muitas vezes contraditórias e ambíguas. Assim com o homo sapiens, as empresas precisam saber como se adaptar para evoluir.
Os boards devem ser mais ágeis para buscar uma variedade de expertise externa e estar em constante modo de aprendizado, alinhado com áreas-chave de melhoria do conselho – especificamente a qualidade dos relatórios de gestão e a educação dos diretores em habilidades específicas.
As duas principais prioridades – estratégia a longo prazo e continuidade dos negócios e resiliência – refletem os tempos dinâmicos e voláteis e a necessidade de se concentrar em questões perenes.
*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares
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