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O chocolate está virando um luxo? Pesquisa sugere renda como fator determinante para o consumo

Enquanto 10% dos jovens de renda alta comem chocolate todos os dias, apenas 5% dos jovens de baixa renda fazem o mesmo

Barras são forma favorita do doce, mas bombons estão em alta entre a população de baixa renda (LoulouVonGlup/Getty Images)

Barras são forma favorita do doce, mas bombons estão em alta entre a população de baixa renda (LoulouVonGlup/Getty Images)

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Publicado em 10 de julho de 2025 às 13h00.

Em 2024 o IPCA registrou uma amarga realidade para um dos doces mais consumidos do Brasil: o preço do chocolate aumentou em 11,99%. E nas pesquisas mais recentes, a disparada nos preços é principal fator para mudanças nos hábitos de consumo:

Segundo a Nexus, que entrevistou presencialmente 2 mil pessoas em todo o país, 54% dos jovens de até 24 anos e que ganham mais de 5 salários mínimos (SM) gostam muito de chocolate. 50% dos jovens de renda média (2 a 5 SM) gostam do doce e a porcentagem cai para 47% entre os jovens de baixa renda. 

O fenômeno se repete em todas as faixas etárias e não se limita a gosto, mas afeta diretamente a frequência de consumo. Nos jovens de até 24 anos, 10% dos mais ricos comem chocolate diariamente, frente a 5% dos considerados de baixa renda

Nos dois grupos, 6% consomem chocolate de 4 a 6 vezes por semana, então é possível dizer que o doce ainda é extremamente popular, apesar do fator econômico influenciar diretamente seu consumo. 

“O aumento considerável no preço do cacau nos últimos anos fez com que os chocolates ficassem mais caros e, consequentemente, menos acessíveis ao público de baixa renda. A pesquisa da Nexus reforça essa conexão entre quem ganha menos e quem também aprecia menos chocolate. Com o chocolate, assim como outros itens de consumo, de certa maneira a questão preço continua moldando gostos. Essa diferença é ainda maior entre os idosos, que tendem a consumir menos doce”, afirma o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski.

Bombons são preferência entre os consumidores de baixa renda

A pesquisa também mostrou que formato importa no consumo. As barras de chocolate são a preferência dos brasileiros na hora de escolher o formato do doce, mas o consumo de bombons é a escolha de 39%. A preferência pelos últimos aumenta entre quem ganha menos: 44% dos adultos (25 a 59 anos), 42% dos idosos e 37% dos jovens de baixa renda escolhem comprar bombons. 

O percentual cai para 35%, 31% e 28% respectivamente entre os jovens, adultos e idosos que ganham mais de 5 salários mínimos. As mulheres idosas de baixa renda são as únicas que consomem mais bombons: 51% contra 48% que escolhem as barras.

“Consumido em pequenas doses, os bombons duram mais tempo. Além disso, em menor formato, e  consequentemente mais baratos, um bombom de uma marca de mais qualidade pode ser consumido pelo público de baixa renda com mais frequência do que uma barra”, destaca Tokarski.

Ascensão do chocolate artesanal é melhor observada entre idosos com mais renda e jovens

O gosto pelo chocolate artesanal é também associado à renda: 34% dos idosos de baixa renda nunca consomem chocolate artesanal. O número cai para 26% entre os maiores de 60 anos que ganham mais de 5 salários mínimos. 

As mulheres idosas de alta renda são as maiores consumidoras de chocolates artesanais: 28% afirmam que comem sempre e 11%, frequentemente

Já as idosas de baixa renda são as que menos consomem esse tipo de chocolate entre as mulheres. Apenas 4% disseram que comem sempre e 2%, frequentemente.

Além dos mais velhos e mais ricos, os chocolates artesanais são mais consumidos entre os jovens, independentemente da renda: 11% de quem ganha acima de 5 SM, 10% de quem ganha até 2 salários mínimos e 7% de quem ganha entre 2 e 5 SM sempre comem o doce.

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