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O Afeganistão e o retrocesso de nossa própria humanidade

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Somos impotentes em construir um mínimo de civilidade para nós mesmos. (Teresa Barata/Reprodução)

Somos impotentes em construir um mínimo de civilidade para nós mesmos. (Teresa Barata/Reprodução)

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Publicado em 21 de agosto de 2021 às 08h39.

Por Ana Busch*

Seja qual for o seu lado, difícil que você tenha ficado indiferente ao ver as cenas do Afeganistão repetidas à exaustão esta semana na imprensa e nas redes sociais. Do jovem atleta despencando do céu na tentativa de fugir. Das mulheres que ficaram, na certeza de que vão morrer. Na Bússola, Martha Gabriel levantou a voz e sua indignação diante do retrocesso evidente em pleno século 21. E escancarou nossa impotência para resgatar um pouco de nossa própria humanidade.

Mas, para pensar sobre essa construção de civilidade, não precisamos ir tão longe. Na coluna Vozes, Dina Prates mostra como o sexismo e o racismo afetam as referências que criamos ao longo da vida. Você já se perguntou por que nosso imaginário exclui pessoas negras de áreas de formação mais prestigiadas como economia, direito, medicina e engenharias?

Quando digo nosso imaginário, penso na minha geração, ou na geração descrita por Renato Krausz como aquela que vira e mexe pintava a cara. Porque parece que as coisas podem começar a mudar, com um novo ativismo que deixa pra trás quem insistir em envelhecer ou escolher ser engolido, sem dó, por essa revolução tão bem-vinda. “Os jovens querem que os decisores políticos incentivem o consumo sustentável e penalizem a produção que não é”, diz logo o primeiro de um apanhado de 40 ações e pleitos levados por essa nova turma ao Fórum Econômico Mundial.

A semana

Voltando à realidade brasileira, Beatriz Leite estreou coluna na Bússola, falando sobre o impacto da tecnologia na vida de mulheres à frente de pequenos negócios, cujo acesso à transformação digital ainda é restrito. São pessoas que estão longe de se tornar tiktokers, mas que precisam de apoio para vender bolo on-line e colocar comida dentro de casa.

Também em seu primeiro texto, Fernando Shayer escreve sobre a importância de mudar paradigmas na educação para que o ensino seja menos estressante e passe a incorporar diversão como competência. Por que, afinal, quem quer crianças indo à escola apenas por obrigação?

No dia a dia da pandemia, Marcelo Tokarski alerta para um recado que vem dos Estados Unidos, onde a terceira onda de covid-19 parece ter chegado com força. Fatores como a variante Delta, número alto de adultos não vacinados e queda na efetividade da vacinação na população idosa acenderam uma luz amarela por lá. No Brasil, o desafio é aplicar a segunda dose o quanto antes.

Jiu-jitsu e respiração

Ainda esta semana, um texto de Rodrigo Pinotti reuniu oito lições alienígenas que podemos aplicar à gestão. E quero extrapolar o que aprendi sobre jiu-jitsu para a reflexão do tema espinhoso que dá título a este texto.

Porque, sim, na gestão, como no tatame, sempre há uma saída; nunca se perde, mas se aprende; diversidade é fundamental; e técnica é mais importante que força, embora a força deva ser empregada, quando preciso. Mas às vezes, precisamos apenas respirar – e respirar fundo – para tentar entender tanta desumanidade. E quem sabe lutar contra isso de alguma forma.

*Ana Busch é jornalista, diretora de Redação da Bússola e sócia da Tamb Conteúdo Estratégico

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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