Entrar no ISE agora é matemática pura, e a palavra final é do algoritmo (Germano Lüders/Exame)
Bússola
Publicado em 22 de julho de 2021 às 16h35.
Por Renato Krausz*
A B3 divulgou nesta semana as novas regras para empresas que pretendem participar do ISE, o Índice de Sustentabilidade Empresarial, algo cada vez mais desejável nesses tempos em que, por sorte, imperam os monólogos do ESG.
As principais novidades já foram amplamente tratadas pelo noticiário, mas o que passou quase despercebido é que o novo índice, que começa a vigorar em 2022, é muito menos subjetivo que os anteriores.
Pelo método antigo, a empresa precisava responder um questionário gigante e recebia uma nota, porém sua entrada ou não no ISE ainda dependia do crivo de um conselho de especialistas.
Agora mudou, o negócio virou matemática pura. A palavra final é do algoritmo. E isso é possível graças a uma metodologia mais parruda e transparente. O questionário ficou menor, porém mais requintado e focado nas empresas de acordo com a área de atuação de cada uma.
Alguns dos 28 temas divididos em cinco dimensões — capital humano, governança corporativa e alta gestão, modelo de negócio e inovação, capital social e meio ambiente — só precisam ser respondidos por empresas de determinados setores, e as respostas serão classificadas conforme a relevância do assunto pela perspectiva do investidor, o impacto no fluxo de caixa e o prazo de ocorrência do impacto.
A metodologia, desenvolvida para a B3 com a coordenação da consultoria ABC Associados, possui também mais barreiras de entrada: requisitos mínimos, notas de corte geral e por tema, e ainda as notas de dois agentes externos, um de mudanças climáticas, o CDP (Carbon Disclosure Project), e outro de risco de imagem, o RepRisk.
Todas as empresas que se inscreverem, mesmo as que não forem aceitas, vão figurar num ranking de ESG, com uma nota geral e outra para cada dimensão. O método antigo nem sequer tornava públicas as notas das empresas. A nova ideia é interessante, porque a transparência corporativa não pode ser só para as coisas boas. Quando acaba sendo assim, cria um mundo fictício no qual para nós, consumidores ou investidores, é como ficar parado para ver a banda passar, cantando coisas de amor.
*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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