A falta d'água acabou com as pretensões de José Serra à presidência (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2021 às 18h15.
Última atualização em 28 de maio de 2021 às 22h29.
Por Márcio de Freitas*
São Pedro é a figura que guarda os portões do céu na mística cristã. No imaginário nacional é o responsável pelas chuvas. Em cerca de cem anos, as precipitações jamais foram tão raras quanto nestes últimos períodos.
Vestindo calças curtas (talvez tão apertadas quanto o modelito paulista), o governo Bolsonaro foi pego de surpresa. Corre agora para ligar térmicas alimentadas por combustível fóssil, caras, que assegurem a energia nos lares dos brasileiros.
A conta aumentará. E nos comércios, serviços, indústrias o preço maior dos boletos levará a repasses ao consumidor. Em que grau isso acontecerá, depende de São Pedro e das chuvas no segundo semestre.
E se a economia crescer? E se o setor industrial demandar mais? No campo do se, sempre cabe uma aventura teórica, mas na prática, se essa conta chegar, salgará a popularidade de Jair Bolsonaro. E isso torna infrutífero para ele o cenário político de 2022.
O "se" é lembrado com relativa propriedade neste caso pelo passado mais ou menos recente. Em 2000, o presidente do Banco Central Armínio Fraga reduzia juros e via setores produtivos reagirem, os consumidores demandarem mais, o país crescia após crises externas em sequência.
A seca matou a reação. Por falta d’água, morreu de fome o alazão de Fernando Henrique Cardoso. Em 2002, José Serra era um candidato preparado por toda a vida para ser presidente, mas levou junto a impopularidade do governo que não se preparou para o racionamento. Os tucanos vivem na estiagem desde o apagão.
*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação
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