(Charday Penn/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 16h00.
Por Cecilia Ivanisk
Um dos estereótipos de gênero mais antigos e persistentes é que as mulheres são muito emocionais para serem líderes eficientes. Você com certeza já deve ter ouvido, pensado ou vivido algo parecido, não? Ledo engano!
Os pesquisadores europeus Ivona Hideg, Tanja Hentschel e Winny Shen fizeram um estudo no começo da pandemia de Covid-19 que coloca em xeque esse tipo de afirmação. Ao analisar o comportamento de homens e mulheres na liderança em tempos incertos, entenderam que as mulheres têm menos probabilidade de agir de acordo com suas emoções do que os homens.
A explicação é simples. Mulheres são socializadas para colocar as necessidades dos outros antes das suas, e tendem a garantir que outras pessoas estejam bem, especialmente aquelas pelas quais são responsáveis, como seus subordinados diretos.
O mesmo estudo mostrou que, mesmo quando estão ansiosas, as mulheres não tendem a apresentar comportamentos hostis ou abusivos, priorizando o bem-estar coletivo. Homens, por sua vez, tendem a oscilar seu comportamento quando se encontram ansiosos.
Esses resultados vão de encontro com os apontados pela pesquisa do The Global Wellness Institute’s Women in Leadership Initiative, que mostrou que, para líderes mulheres, as habilidades socioemocionais devem vir antes ou na mesma medida do que as habilidades técnicas.
Para elas, a liderança empática e uma abordagem centrada nas relações, que prioriza o desenvolvimento humano e a criação de confiança, são a melhor maneira de liderar. Entre as principais qualidades apontadas pelas entrevistadas, estavam a integridade, a empatia e a capacidade de motivar equipes com inspiração e visão de longo prazo. Em resumo, nada que aprendemos nas carteiras da escola ou da universidade, certo?
Para mim, esses são indicadores claros de que precisamos repensar a liderança em busca de caminhos que favoreçam a todos. Até porque está cada vez mais evidente que velhos modelos de gestão não estão mais funcionando.
De acordo com o Instituto Gallup, empresas com líderes que priorizam o desenvolvimento pessoal apresentam um aumento de 23% na produtividade e uma redução de 41% no turnover.
Já um estudo da Deloitte mostrou que organizações com lideranças focadas em empatia e comunicação transparente têm três vezes mais chances de reportar altos índices de engajamento e satisfação entre seus colaboradores, impactando diretamente os resultados e a inovação.
Dar oportunidades iguais para que mulheres assumam cargos de liderança e tragam suas habilidades para a mesa é urgente. Mas entendo que, para além do gênero, precisamos desenvolver líderes de verdade.
Pessoas que não apenas alcancem metas mensuráveis, mas que também saibam construir uma cultura organizacional saudável, que priorize as pessoas, criando um ambiente onde todos se sintam livres para inovar, crescer e, por que não, ser feliz no trabalho. E vamos ser sinceros: o mundo está cansado de líderes que só miram no resultado e esquecem o caminho, né?
Qual é a chave para essa nova liderança? Desenvolvimento humano! Hora de reciclar nossos valores, focar em habilidades socioemocionais e investir em empatia, diálogo e escuta.
Durante a pandemia, vimos na prática que a capacidade de inspirar e se conectar genuinamente com a equipe faz toda a diferença — e é exatamente isso que as novas gerações esperam e exigem dos líderes de hoje.
Afinal, o velho estereótipo de que a eficiência está atrelada à rigidez e à distância emocional entre líderes e colaboradores está caindo por terra.
*Cecília Ivanisk é fundadora da Learn to Fly
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube