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Mudanças climáticas: você ainda acha que isso não lhe diz respeito?

Novo alerta dos cientistas deveria ter força para sensibilizar o mundo inteiro de que caminhamos para o colapso, mas isso não vai acontecer, escreve Renato Krausz, em sua coluna de hoje na Bússola

 (Leonhard Foeger/Reuters)

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Publicado em 3 de março de 2022 às 15h10.

Última atualização em 4 de março de 2022 às 13h16.

Por Renato Krausz*

Existe um sentimento generalizado de “isso não me diz respeito” quando o tema das mudanças climáticas é colocado sobre a mesa. Repare isso nas pessoas próximas. Ou, de repente, repare até mesmo em você. Muita gente torce o nariz.

O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado na segunda-feira, 28, reforça o tamanho da encrenca em que estamos inseridos e, em tese, deveria ter força suficiente para fazer as pessoas mudarem de opinião. Repito, em tese. Porque na prática não vai fazer. Pelo menos não na intensidade necessária.

Não me lembro de ter visto em nenhuma outra ocasião alguns dos cientistas mais proeminentes do mundo passarem pelo sufoco de gritar, gritar e não serem ouvidos. Ah, aconteceu isso na pandemia, alguém poderá dizer. Não. Na pandemia tivemos um punhado de lunáticos a desmerecer a ciência. Com o aquecimento global é bem diferente.

O que vemos por aí? Nós vemos grandes empresas abraçarem o ESG com afinco — algumas com mais afinco que outras —, vemos alguns líderes mundo afora realmente preocupados — bem poucos, é verdade — e algumas pessoas aqui e ali tentando de fato mudar seus hábitos de viver e consumir. O problema é que isso não tem sido suficiente.

O relatório deixa ainda mais claro que todos nós seremos afetados, e muito, caso não haja um freio efetivo nas transformações em curso e muito empenho de nos adaptarmos a elas. Regiões inteiras vão desaparecer. A produção agrícola será fortemente prejudicada, o que fará disparar o preço dos alimentos. A disputa por água será bizarra. Muitas espécies serão extintas. O colapso será inevitável.

Eventos climáticos extremos, como enchentes e ondas de calor, já estão castigando populações numa proporção muito maior do que se imaginava. E mais: até 3,6 bilhões de pessoas, segundo o relatório, já são extremamente vulneráveis às mudanças do clima. Ou seja, um em cada dois humanos. Alguém ainda acha que não diz respeito a si mesmo?

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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