Esse déficit de retenção de talentos femininos é resultado da falta de orientação e incentivo social (Luis Alvarez/Getty Images)
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Publicado em 19 de setembro de 2023 às 13h39.
Última atualização em 20 de setembro de 2023 às 15h09.
Segundo a pesquisa Woman in Technology, menos de 20% dos cargos das áreas de tecnologia no Brasil são ocupados por mulheres. Em toda a América Latina, elas ocupam menos de 30% dos cargos de liderança no setor. A pesquisa, realizada em 2021 pela empresa de recrutamento especializado, Michael Page, reúne a visão dos principais mercados da América Latina, e revela que apenas 26% das empresas latinoamericanas possuem programas de retenção e atração de talentos femininos.
Entendendo a importância do tema para a transformação social, grandes empresas da área têm investido em mudanças estruturais, capacitando mais mulheres e atraindo talentos femininos para o setor e áreas de Tecnologia da Informação, contribuindo para o aumento de mulheres em posições de liderança.
De acordo com a Diretora de Comunicação e Cultura Organizacional da Oi, Manoela Osório, é urgente que as empresas construam uma cultura plural, possibilitando atrair e desenvolver mais mulheres nessas áreas do conhecimento. “É fundamental acompanhar um dashboard corporativo dinâmico para tomar as melhores decisões nos momentos certos, além de promover diálogos internos e transparentes sobre vieses, sobre diferenças de gênero, sobre o papel da liderança. É prerrogativa ter uma liderança preparada para lidar, incentivar, acolher e desenvolver times diversos.”, analisa a executiva.
Um outro estudo promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mostra que a educação é uma das principais ferramentas que podem reparar historicamente essa diferença. A proporção de mulheres estudando Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática vs. os homens chegou a 44%. Ou seja, a cada 100 profissionais em carreiras relacionadas à Tecnologia da Informação, apenas 44 são mulheres.
Manoela afirma: “entendendo o contexto acelerado digital e tecnológico, é inevitável que qualquer pessoa que queira fazer parte do futuro do trabalho tenha noções e interesse nas áreas chamadas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Nós mulheres, tivemos um histórico de censura no acesso à educação profissional para o trabalho nas corporações. Hoje é sabido que somos o gênero que tem mais formação continuada e que, mais recentemente, vem avançando nos espaços de liderança. Isso já explica nossa desvantagem histórica de representatividade feminina de uma forma geral, cenário que estamos transformando”.
A Oi realiza um Programa de Aceleração de Lideranças Femininas desenvolvendo o potencial de gestoras para posições de mais alto impacto estratégico, com objetivo em ampliar a representatividade nos processos de seleção para os primeiros níveis executivos. Os resultados já são comprovados: a companhia saiu de 28% em 2020 para 34% em 2023 de representatividade feminina em posições executivas.
Outros exemplos são o Programa Oi Devs, ação afirmativa para mulheres no mercado de programação, e a turma de reskilling, treinamento para realocar o colaborador para um novo posto de trabalho dentro da empresa.
Atualmente, a Oi possui aproximadamente 36% de mulheres dentro do seu core bussiness, sendo que a maior presença de profissionais do gênero feminino está concentrada nos níveis de estagiários(as) e aprendizes (51%). “Estamos trabalhando intencionalmente os programas de entrada. Quando fazemos um corte na nossa área de Tecnologia, esse percentual cai para 28%. Estamos trabalhando junto às principais lideranças da área para mudar esse perfil e ampliar as oportunidades”, afirma Manoela.
O Censo de DIEP – Diversidade, Inclusão, Equidade e Pertencimento é uma ferramenta estratégica adotada pela Oi baseada em ações como Entrevistas em Profundidade, Grupos Focais, entre outras atividades que objetivam descobrir como se dá a diversidade dentro da organização. Este ano, o Censo, realizado pela CKZ Consultoria, foi dividido em quatro temas: Autorretrato, Engajamento com o Tema, Vieses Inconscientes e Pertencimento.
Segundo os dados do Relatório de Sustentabilidade da Companhia, entre os destaques do censo está o tema do Autorretrato. A maioria dos colaboradores se considera do gênero masculino, cisgênera, heterossexual, branca, com idade média entre 28 e 42 anos (geração Y), com filhos. O tempo de casa médio é de sete a 13 anos. Tanto o índice de pessoas da geração Z – pessoas nascidas entre 1995 e o início dos anos 2000 (5%) –, quanto a quantidade de pessoas negras (42%) são dois pontos de atenção que a empresa pretendei trabalhar para mudar. No diagnóstico, a Oi está em um nível médio de diversidade e inclusão.
A contribuição feminina para o desenvolvimento da tecnologia é histórica. Nomes como, Ada Byron King, desenvolvedora do primeiro algoritmo utilizado em um computador, e Karen Jones, criadora dos mecanismos de busca na internet, mudaram o rumo da indústria tecnológica no mundo. Entretanto, atualmente o cenário para profissionais mulheres é bem diferente no que se refere a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. O desafio é continuar a transformação.
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