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Mega Polo Moda é pioneiro na implantação de política de ESG no Brás

Complexo comercial avança na prática de sustentabilidade com base no uso correto de recursos hídricos,eficiência energética e descarte de resíduos

Região do Brás é um dos maiores polos varejistas do Brasil (Vladimir Vladimirov/Getty Images)

Região do Brás é um dos maiores polos varejistas do Brasil (Vladimir Vladimirov/Getty Images)

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Publicado em 25 de janeiro de 2023 às 12h30.

É inegável que determinados setores da economia têm avançado na pauta social e incorporado práticas de sustentabilidade. Mas ainda há uma grande parte que está começando a revisar seus modelos de negócios e buscando compreender o que efetivamente a sigla ESG significa. Um levantamento do Google Trends revela que a busca pelo termo cresceu mais de 1200% no Brasil só nos últimos dois anos.

No caso dos malls, segundo a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), a retomada do crescimento – que prevê um incremento da ordem de 17,3% no 2o semestre de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021 –, dependerá não somente da tradicional gestão dos empreendimentos mas, também, da criação de estratégias consolidadas de sustentabilidade.

"Apesar do cenário favorável e do estímulo do mercado ao desenvolvimento de políticas alinhadas aos critérios ESG pelas empresas brasileiras, ainda são raros os empreendimentos de regiões comerciais mais tradicionais, como é o caso do Brás onde estamos inseridos, que entendem a necessidade de integrar fatores socioambientais e de governança às metas financeiras e de estratégia corporativa", afirma Carla Sabato, head de marketing da Mega Polo Moda, complexo que conta com dois shoppings centers, hotel e centro empresarial.

"Entendemos que para aplicar as práticas do ESG precisamos partir de algum ponto. Aqui no Mega Polo Moda a consciência das adaptações necessárias para o cumprimento das exigências do ESG partiu dos próprios executivos, investidores e conselheiros que fazem a gestão do negócio", diz Sabato, reforçando que o ESG não é uma ação isolada e sim um processo contínuo com metas e objetivos. "Mais que atuar sob os Princípios do Investimento Responsável (PRI), acreditamos que o exemplo poderá estimular outros empreendimentos da região a também abraçar a agenda 2030", diz.

O grupo Mega Polo Moda optou por desenvolver, inicialmente, uma política de conservação do meio ambiente baseada no "E" (Environment). "Nossas primeiras ações baseiam-se na implantação integrada da gestão consciente dos recursos hídricos, energéticos e de resíduos", afirma Sabato.

A região do Brás é um dos maiores polos varejistas do Brasil, recebendo lojistas de todas as partes do país. Segundo dados da Federação dos Varejistas e Atacadistas do Brás (Fevabrás) passam pelo bairro, diariamente, cerca de 400 mil pessoas, chegando a 800 mil na época do fim de ano.

Área de Operações é ponto de partida da política ESG do complexo Mega Polo Moda

Alinhado à estratégia de Governança da Mega Polo Modas, o head de Operações, Deivid Geronymo, desenvolveu um programa de redução dos impactos socioambientais da edificação do complexo que conta com quatro empreendimentos: dois shoppings centers, hotel e centro empresarial.

"Apesar de os edifícios terem vocações diferentes, esses empreendimentos estão interligados e o consumo de energia, água, a produção de resíduos entre outros pontos, desafiam a área de operações para ações de sustentabilidade realmente efetivas", afirma. "Queremos chegar a ser auto-sustentáveis. Estamos atuando para isso, a começar por economia dos recursos hídricos, eficiência energética e descarte correto de resíduos.

Uso correto dos recursos hídricos

O Brás tem cerca de 12 centros comerciais de grande porte, entre eles o Mega Polo Moda que é o   único a possuir um sistema de abastecimento de água alternativo. Por contar com dois poços artesianos de 60 metros de profundidade a empresa investiu na adaptação de sua infraestrutura para o uso ambientalmente correto do recurso. "Adaptamos processos e infraestruturas que deram condição para o uso consciente da água por parte da comunidade que utiliza os edifícios, bem como implantamos sistema inovador para o uso ambientalmente correto de recursos como captação, reuso e tratamento de água", diz Geronymo.

Licenciadas e utilizadas em conformidade com a legislação, as águas subterrâneas proveniente do lençol freático  são capazes de abastecer todos os quatro empreendimentos que demandam um consumo de 150 m³/dia. A água, que inicialmente passa pela Estação de Tratamento de Água (ETA) é utilizada no abastecimento de todo o complexo. As águas da chuva e também as que minam das paredes dos três subsolos dos prédios também são coletadas em reservatórios fechados. “O volume captado passa pelas estações de tratamento e é usado na manutenção predial, na limpeza de áreas comuns e externas, nas bacias sanitárias, na irrigação de jardins, no sistema de climatização dos quatro empreendimentos, entre outras a Estação de Tratamento de Água de Reuso (ETAR), que nos ajuda a diminuir 40% o despejo de dejetos não tratados  antes de descartá-la no sistema de esgoto da Sabesp", declara Geronymo.

Com a utilização dessa infraestrutura, o empreendimento reduziu em 720 m³ por mês seu consumo nos últimos 12 meses, levando a uma queda de 40% no consumo de água vinda do abastecimento por parte da concessionária, a Sabesp. "A demanda por água no nosso planeta exige a responsabilidade de todos na maneira de usá-la e reutilizá-la, proporcionando benefícios ambientais, sociais e econômicos significativos", afirma o executivo.

Eficiência Energética

O consumo energético consciente das fontes de energia também estão presentes na política de meio ambiente do Mega Polo Moda. Há três anos, o complexo migrou do mercado cativo e passou a consumir energia vinda do Mercado Livre, onde os contratos oferecem condições flexíveis de compra, mais segurança, economia e uma energia limpa e renováveis.

Para complementar a estratégia de eficiência energética, a empresa investe também em energias renováveis. Um exemplo é a energia térmica gerada por meio de 90 placas solares e usada no aquecimento de 100% da água utilizada no Hotel. O sistema de aquecimento a partir de gás natural é complementado com energia elétrica quando a geração de energia solar não é suficiente para sustentar os empreendimentos.

Além das formas alternativas de geração de energia, há, ainda, um robusto projeto de automação predial gerido pela área de operações que utiliza inteligência artificial para potencializar a economia energética. "A partir de sensores implantados em todo o empreendimento e dos processos interligados é possível controlar automaticamente a demanda necessária de energia, solucionar rapidamente problemas, racionalizando os custos de operação", diz Geronymo.

A solução inclui o aproveitamento da luz natural, o uso de sensores de luz, sistema de exaustão para estacionamentos, manutenções constantes dos equipamentos, automação do ar condicionado e o uso de lâmpadas de LED, mais econômicas.

O projeto de energia foi implantado há cerca de 5 meses, mas já revela sua eficiência ao gerar economia de 12%.

Descarte de Resíduos

Os resíduos produzidos no complexo, que gira em torno de 90 a 100 toneladas/mês, também passam por tratamento antes do descarte adequado. Papelão, plásticos e metais são separados. Há coletores de pilhas e lâmpadas que necessitam de um descarte específico.

Todos os resíduos recicláveis são destinados a empresas especializadas credenciadas dentro dos órgãos competentes, que geram certificados que comprovam que fazem o descarte adequado. Parte do lixo também é compactado, reduzindo, seu volume inicial em 1/3 a 1/5, o que favorece seu transporte e disposição final nos aterros sanitários.

A ampliação deste pilar da Gestão correta de resíduos será incrementada à outras soluções a partir de janeiro de 2023. "Este é o nosso próximo passo: desenvolver a metodologia completa de gerenciamento para reduzir, reutilizar, reciclar, tratar e dar destinação final adequada aos resíduos com a máxima segurança ambiental", diz Geronymo.

Por fim, Deivid Geronymo  justifica a importância da política de ESG  do Mega Polo Moda iniciar-se pelo "E" (Enviroment/MeioAmbiente). "Ao compreender nosso papel social e também como organização foi possível mapear as áreas que combinavam necessidade e propósito. Essa análise apontou os itens prioritários a serem adaptados e acompanhados neste primeiro momento para o cumprimento de nossa política ESG", afirma.

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