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Mauro Wainstock: as fragilidades reais dos super-humanos

Vivenciamos diariamente histórias peculiares e sempre desafiadoras; o incrível só aparecerá se tivermos a coragem para encarar o novo

Independentemente da idade, o que mais importa é a vida que levamos, as pessoas que impactamos e a maturidade que adquirimos (iStock/Thinkstock)

Independentemente da idade, o que mais importa é a vida que levamos, as pessoas que impactamos e a maturidade que adquirimos (iStock/Thinkstock)

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Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 13h31.

Última atualização em 6 de dezembro de 2021 às 13h45.

Por Mauro Wainstock*

Há vários anos eu não o via e quase não o reconheci: o Superman apareceu na revista Action Comics #1036 de cabelos grisalhos.

Mas, pensando bem, não deveria ser uma surpresa: ele tem 83 anos... e, claro, apesar de ser o “Homem de Aço”, também está envelhecendo. Assim como todos nós, independentemente da idade.

Diante do público, Superman é capaz de demonstrar poderes extraordinários. É “mais rápido do que uma bala, mais poderoso do que uma locomotiva, capaz de pular prédios altos em um único salto”.

Mas, por trás do tradicional uniforme azul e vermelho, a realidade é que ele vive como Clark Joseph Kent (o nome original é Kal-El), um repórter do Planeta Diário que luta arduamente para equilibrar suas finanças.

A dificuldade para sobreviver é uma de suas fragilidades pouco destacada nos quadrinhos.

Assim como a angústia para conciliar a vida pública de herói e a batalha para tentar ser super-humano no cotidiano real, conciliando o trabalho, a vida conjugal e suas aflições individuais.

Olhamos para o Superman com admiração pela sua força, bondade e superação. E o respeitamos por encarar tudo de frente; um herói que não precisa de máscara.

No entanto, no dia a dia, há um Clark Kent invisível, inseguro e que trava uma luta interna voraz com seus medos, inseguranças e incertezas.

“Você é mais forte do que pensa que é, acredite em mim”, afirmou Superman em uma das tirinhas, talvez tentando animar o “Clark Kent” que há dentro dele.

As questões do Superman são mais do que pessoais. A kryptonita, descrita como os fragmentos radioativos do seu planeta original, que o deixa vulnerável psicologicamente, tornou-se sinônimo de fraqueza coletiva da sociedade moderna em sua ética, valores e princípios, e do mundo corporativo, com suas incompreensões, dilemas e complexidades. Como herói, o nosso protagonista tem a obrigação de intervir.

Difícil. De todos os lados ele ouve vozes dos humanos se lamentando e necessitando de ajuda. E vive atormentado e com culpa por ter de fazer escolhas e não conseguir salvar todo mundo.

Mas ele está consciente de que “O incrível só pode ser criado se enfrentarmos o risco de falhar durante o processo”.

Esta frase saiu da ficção, mas certamente se aplica em nossas trajetórias pessoais e profissionais. Cada um de nós vivencia diariamente histórias peculiares e sempre desafiadoras, com finais imprevisíveis. Apesar dos riscos do percurso, o incrível só aparecerá se tivermos a coragem para encarar o novo, estar preparado para assumir nossas escolhas, ter a capacidade de aprender com os erros cometidos e força para superar as adversidades, que serão uma constante ao longo da jornada.

Aliás, resiliência é a palavra que melhor descreve os próprios criadores do Superman.

Jerry Siegel e Joe Shuster levaram seis anos para encontrar uma editora. E, finalmente, conseguiram vender a ideia para a DC Comics por... apenas 130 dólares!

A primeira edição da HQ do Superman, lançada oficialmente em 1938, custava 0,10 dólar, tamanha era a resistência em relação ao projeto.

Mas o sucesso foi imediato. Em 2014, uma de suas cópias chegou a ser vendida no eBay por pouco mais de 3,2 milhões de dólares.

Em um dos quadrinhos Superman nos traz a importância de pensar diferente e de estar sempre se reinventando. Ao se referir a si mesmo, afirmou: “E se uma criança sonhasse em ser algo diferente do que a sociedade planejou para ela? E se uma criança quisesse ser algo maior?” Convém lembrar que ele é órfão e que veio (literalmente) de outro planeta.

Sim, o primeiro passo é sonhar. O autoconhecimento deve ser constante, a experiência ocorre ao longo do tempo e o amadurecimento permite aplicar mais assertivamente as habilidades e os nossos superpoderes — muitos deles ainda ocultos, esperando para ser acionados.

Não há necessidade de sermos extraordinários, nem super-humanos, nem termos a pretensão de salvar o mundo, mas precisamos ter vontade genuína e fazer acontecer. Como o Superman mesmo destaca em uma das revistas: “Existe um super-herói em todos nós, só precisamos da coragem para colocar as costas na capa”.

Olhe ao seu redor e perceba com quantos heróis e heroínas, muitos dos quais de cabelos brancos, você convive no seu dia a dia.

Interaja, aprenda e voe alto com eles!

Ah, o aniversário do Superman é no dia 29 de fevereiro.

Talvez ele só comemore de quatro em quatro anos, então no ano que vem fará 21 anos.

Mas, independentemente da idade, o que mais importa é a vida que levamos, as pessoas que impactamos e a maturidade que adquirimos. O Superman está envelhecendo, mas não ficou velho. Apesar das contradições e das incógnitas que enfrenta, continua de forma inabalável em seu propósito de afastar os vilões e deixar um legado de esperança e positividade.

Por isto Clark Joseph Kent é um herói.

*Mauro Wainstock tem 30 anos de experiência em comunicação. Foi nomeado LinkedIn Top Voice e atua como mentor de executivos sobre marca profissional. É sócio-fundador do HUB 40+, consultoria empresarial focada no público acima dos 40 anos.

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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