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Martha Gabriel: Não, não, mil vezes não! Meu luto pelo Afeganistão

Estamos no século 21 e continuamos vivendo atrocidades do início dos tempos

Meninas estudam do lado de fora de escola em Herat, em 17 de agosto de 2021

 (AFP/AFP)

Meninas estudam do lado de fora de escola em Herat, em 17 de agosto de 2021 (AFP/AFP)

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Publicado em 18 de agosto de 2021 às 18h14.

Última atualização em 19 de agosto de 2021 às 14h16.

Por Martha Gabriel*

É impossível descrever em palavras o meu sentimento pelas pessoas no Afeganistão – é uma mistura de tristeza, dor, desespero, impotência, inconformismo, agonia, luto e muito mais…

Luto pelas vidas, vozes e futuros perdidos.

Luto pela morte da esperança, dos direitos, dos sonhos e dos estudos das mulheres.

Luto por todos os nossos corações que perdem parte da sua humanidade que desaparece junto com as perdas humanas nesse país.

O desespero da população do Afeganistão é geral, como pode ser visto nas inúmeras fotografias e vídeos reportados pela imprensa nos últimos dias – no entanto, ele atinge ainda mais particularmente as mulheres. A fotógrafa Yemeni Boushra Almutawakel expressa em uma imagem o desaparecimento que palavra alguma jamais conseguiria exprimir.

Estamos no século 21, mas continuamos vivendo as mesmas atrocidades do início dos tempos. Temos tecnologias avançadas, foguetes espaciais e conexão global, mas ainda não conseguimos nem resgatar seres humanos que vivem condições subumanas ao redor do mundo. Olhamos tanto para aquilo que podemos conquistar fora, e esquecemos que não conseguimos conquistar plenamente ainda nem a nossa própria humanidade.

Até quando fingiremos que somos civilizados e quando voltaremos a lutar primeiro para conquistar o nosso fundamento humano mais básico? Até quando?

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