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Márcio de Freitas: Independência com divisão, divórcio litigioso do Brasil

Comemoração dos 199 anos da declaração da Independência do Brasil refletirá a inconciliável diferença política entre apoiadores e opositores do presidente

A instabilidade política tende a se acentuar (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A instabilidade política tende a se acentuar (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Publicado em 20 de agosto de 2021 às 18h09.

Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 18h17.

Por Márcio de Freitas*

A comemoração dos 199 anos da declaração da Independência do Brasil caminha para o registro de um divórcio social, litigioso, da população diante da inconciliável diferença política entre apoiadores e opositores do presidente Jair Bolsonaro. As duas alas não se misturam, negam uma à outra e sinalizam uma guerra rumorosa que deve abafar o bicentenário do Grito do Ipiranga em 2022.

Se a convocação de atos por aliados do presidente se tingiu com cores de guerra contra o Supremo Tribunal Federal, após as buscas e apreensões na casa de bolsonaristas e do cantor sertanejo Sérgio Reis, a temperatura subiu alguns graus. A mira da reação foi apontada para o ministro do STF, Alexandre de Moraes, como centro do alvo, mas onde tudo em volta pode ser atingido.

Há nos grupos governistas um clamor por uma manifestação gigante, cujo quantitativo seja revelador da força de apoio a Bolsonaro e suas teses. É neste ponto que o jogo fica perigoso, qualquer que seja o resultado.

Uma grande manifestação vai insuflar os ataques às instituições, alimentará o discurso de ódio contra o Supremo e, nas bordas, deve sobrar para o Congresso. As tensões crescerão na mesma medida da quantidade de povo na rua. E dólar, investidores e bolsa de valores são arredios a esse cenário. A instabilidade tende a se acentuar.

Se a manifestação for pequena, o presidente será classificado de fraco, sem apoio popular e perderá suporte de grupos que poderão procurar mais rapidamente uma outra via eleitoral para enfrentar Lula em 2022.

A ordem dos fatores não altera o produto. E ele tende a ser negativo para o país. Venha o resultado que vier, será sempre mais subtração ou divisão.

*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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