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Márcio de Freitas: Incêndios em julho, fogo em agosto

O presidente faz o que quer até que as eleições decidam ele não manda mais

Queimam a Cinemateca e a vegetação, enquanto entra na Casa Civil um ministro com perfil de bombeiro. (Carla Carniel/Reuters)

Queimam a Cinemateca e a vegetação, enquanto entra na Casa Civil um ministro com perfil de bombeiro. (Carla Carniel/Reuters)

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Publicado em 30 de julho de 2021 às 18h34.

Por Márcio de Freitas*

Depois da estátua de Borba Gato, um prédio com acervo da Cinemateca Nacional pegou fogo em São Paulo. Não menos incendiária foi a live da quinta-feira do presidente Jair Bolsonaro, acentuando o discurso sobre suas dúvidas em torno da confiança na urna eletrônica e no sistema automatizado de apuração do Tribunal Superior Eleitoral.

Há ainda, por efeito da seca e de incautos agricultores, muitos focos de queimada devastando a vegetação do país neste frio inverno. Enquanto olhamos a neve no Sul, os ambientalistas do mundo observam os dados do INPE sobre redução da mata nativa.

Curiosamente, na Casa Civil da Presidência da República foi instalado um novo ministro com perfil de bombeiro, o afável senador Ciro Nogueira, camaleão da política e adepto das práticas do diálogo com aliados e até adversários, nem sempre nessa ordem.

A postura agressiva do presidente e as reações políticas às declarações sobre indícios de fraudes mostram que Nogueira necessitará de um estoque imenso de água. E justamente durante a maior crise hídrica da história recente do país, que eleva até os preços da energia elétrica e produtos agrícolas.

O novo ministro chega ao cargo com muitas expectativas. Mas é bom lembrar: o regime é presidencialista. E o presidente faz o que quer, quem quer que seja ele. Nenhum deles foi controlável no cargo.

Exemplo: ex-presidente Lula nunca foi tutelado por seus ministros poderosos, e alguns o tentaram. E nem Lula conseguiu controlar Dilma Rousseff depois que ela sentou na cadeira. Esse alerta deve estar ligado o tempo todo no Palácio do Planalto: quem manda é o chefe. Até que as eleições decidam que ele não manda mais.

*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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