40% dos trabalhadores precisarão de requalificação em seis meses ou menos (Morsa Images/Getty Images)
Bússola
Publicado em 25 de dezembro de 2021 às 16h38.
Última atualização em 25 de dezembro de 2021 às 17h19.
Por Allessandra Canuto e Valéria Oliveira*
Durante muito tempo, as empresas olharam para o mercado corporativo totalmente digital como algo muito distante e que talvez nem chegasse. No entanto, de uma hora para a outra, num simples estalar de dedos, viramos a chave e chegamos no tão falado futuro.
A digitalização chegou e não há mais como olhar para o passado. O tempo foi muito mais rápido do que a humanidade poderia pensar. Agora, investir em tecnologia nas empresas se tornou algo essencial.
Se para as companhias sobreviverem, elas precisaram se adaptar, imagina nós que estamos lidando com esse novo mundo totalmente conectado, tentando nos entender como profissionais e todas as novas exigências do mercado que anda em ebulição? Pois é, não é nada fácil lidar com tantas mudanças de uma só vez.
Até porque ainda estamos vivendo cheios de incertezas. No mercado, ainda não sabemos se continuaremos com o trabalho remoto, nos tornaremos híbridos ou voltaremos ao presencial. Sem dúvida, tudo isso transforma radicalmente a composição de habilidades e competências de uma força de trabalho em transição. Mas se é difícil responder o que vale hoje, quem dirá amanhã em cada profissão. O que podemos afirmar é que as competências técnicas e comportamentais exigidas pelas empresas têm mudado em uma velocidade nunca observada antes.
De acordo com o relatório Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, as empresas estimam que cerca de 40% dos trabalhadores precisarão de requalificação em seis meses ou menos. Enquanto isso, 94% dos líderes de negócios relatam que esperam que os funcionários adquiram novas habilidades no trabalho até 2025 — um aumento de 65% em relação a 2018.
E o que nós, profissionais, temos feito diante disso?
O mesmo estudo diz que 50% de todos os funcionários precisarão de requalificação até 2025. Ou seja, metade das pessoas terá que se reabilitar nos próximos cinco anos, à medida que os impactos econômicos da pandemia e o aumento da automação transformam os empregos.
Segundo Conrado Schlochauer, PhD em Aprendizagem de Adultos, as pessoas passam apenas 3% do seu período de vida dentro do ensino formal. Seria um desperdício total se não aproveitassem os outros 97% para dar continuidade no que foi aprendido.
Com o aumento do tempo de vida dos indivíduos, surgiu o conceito de Lifelong Learning. Ele se refere ao processo de aprendizagem que ocorre fora das universidades, como parte do cotidiano e de forma menos estruturada. Novas experiências, cursos livres e paralelos, conversas com outras pessoas e formação de redes podem resultar em conhecimentos muito impactantes para a carreira.
Esse caminho se tornou ainda mais fácil de ser traçado durante a pandemia do novo coronavírus. Muitos indivíduos aproveitaram o período para reforçar o currículo, em especial com cursos online. De acordo com um levantamento realizado pelo Google, as buscas por esta modalidade cresceram 130% nos primeiros dias de abril de 2020 quando o isolamento social ainda começava no Brasil.
Entretanto, vale destacar que as competências adquiridas não valerão para sempre. Precisamos desapegar da ideia de investir muito tempo em dinheiro em apenas uma habilidade como estávamos fazendo nas últimas décadas. Tudo mudou e as habilidades vão mudar também de tempos em tempos.
Qual o papel das empresas?
Cabe as empresas não apenas exigir dos profissionais novas habilidades. Temos observado companhias com uma lista imensa de exigências para contratar um colaborador. No entanto, seria mais assertivo que elas ajudassem com que cada pessoa adquirisse as competências necessárias para as áreas que vão atuar.
Incentivar essa prática traz inúmeros benefícios às organizações e cabe a elas facilitar o acesso dos colaboradores ao aprendizado ao longo da vida. Uma das formas de realizar isso é incentivá-los a buscar conhecimentos semanalmente por meio de ferramentas que eles já utilizam, como Youtube e até WhatsApp, ou até promover um bate papo informal entre áreas para que possam trocar pontos de vista.
A corporação também pode criar comunidades de aprendizados com horários determinados para rodas de leitura coletiva, webinars, debate de vídeos, entre outros. O importante é criar o hábito e fomentar o protagonismo na busca por conhecimento entre os funcionários de forma que seja algo prazeroso e edificante.
Com o incentivo e o reconhecimento do lifelong learning, os profissionais conseguem entender que o aprendizado se dá ao longo da vida, em diferentes ambientes, tanto formal quanto informal. É preciso pensar em como aproveitar todos os espaços em que circula para obter mais conhecimento. E nesse jogo, todo o mercado de trabalho tem a ganhar.
*Allessandra Canuto é especialista em temas comportamentais e gestão da cultura e Valéria Oliveira é especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura
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