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Líderes: Pós-COP26, o desafio é manter controlado o aquecimento global

Em entrevista ao Bússola Líderes, Karen Oliveira, gerente para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil fala sobre a COP26

Estado do Pará, que concentra mais de 40% da área devastada da Amazônia (Adrian Dennis/Pool/Reuters)

Estado do Pará, que concentra mais de 40% da área devastada da Amazônia (Adrian Dennis/Pool/Reuters)

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Publicado em 30 de novembro de 2021 às 20h05.

Última atualização em 30 de novembro de 2021 às 20h19.

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“O grande desafio é manter este aquecimento global controlado, de uma forma que seja possível manter a vida no planeta”. Com essa provocação, a gerente para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira, fala para o Bússola Líderes, o canal de entrevistas em vídeo com grandes lideranças empresariais do Brasil, conduzido por Alon Feuerwerker, sobre a realidade das questões ambientais e a COP26.

A TNC é uma organização não governamental global de conservação, estando presente em mais de 70 países. No Brasil, a ONG atua há mais de 30 anos em todos os biomas do país. Atualmente, a TNC trabalha com locais prioritários — locais icônicos, principalmente na região da Amazônia, região da Mantiqueira (na floresta Atlântica), e no Araguaia (cerrado brasileiro).

Na COP26, a ONG priorizou a região da Amazônia, devido ao grande desmatamento, no estado do Pará, que concentra mais de 40% da área devastada da Amazônia.

“A conferência do clima (COP26) e a conferência da biodiversidade (COP15) têm a mesma origem: Rio 92, realizada no Rio de Janeiro, que foi a primeira conferência relacionada às questões para a implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável no mundo. Ou seja, um modelo de desenvolvimento que garantisse para a gente e as gerações futuras as mesmas quantidades e condições de recursos naturais/capital natural que nós tínhamos naquela época de 1992”, diz Oliveira.

Ao final da conferência de 92, duas declarações foram compactuadas entre os países: a primeira relacionada à biodiversidade — manter a fauna e flora no mundo — e a outra sobre o clima.

Para ela, o grande desafio é manter este aquecimento global controlado, de uma forma que seja possível manter a vida no planeta. Em paralelo, as questões da biodiversidade buscam manter um percentual de cobertura vegetal que ultrapasse a 30% até 2030.

Sobre a relação dos povos indígenas ou comunidades locais com o projeto é possível dizer que tem um papel histórico na manutenção das florestas. Karen diz que na Conferência do Clima, mais de 40 povos indígenas pediam não somente ter recursos, mas que eles possam ser protagonistas na execução de seus projetos.

“Eles sabem o que eles precisam. Não somos nós que devemos dizer a eles o que eles precisam para manter a floresta em pé”, declara Oliveira.

Outro ponto da COP26 é de investir mais de 1,7 bilhão de dólares para projetos junto com as comunidades indígenas. Além disso, embora ainda lento, o caminho para o avanço dos direitos indígenas já é uma realidade. No evento foi discutida a repartição de benefícios com os povos indígenas.

“Não há contradição em associar desenvolvimento e conservação dentro dos territórios indígenas, pois povos indígenas sempre foram usuários sustentáveis da bioeconomia, dos recursos da floresta, do extrativismo”, afirma a gerente para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil.

A bioeconomia pode ser vista quando o extrativismo natural gera produtos farmacêuticos e alimentícios, comercializados por povos indígenas e com assistência técnica oferecida pela TNC.

Pensando em áreas degradadas, a TNC Brasil assumiu o compromisso com o pacto da declaração de florestas, que fala sobre a redução de 30% do desmatamento global, assim como também frear todo o desmatamento ilegal até 2028.

Já a restauração recupera o ciclo de vida, contribuindo com a manutenção das chuvas. E por meio da recuperação de áreas críticas é que se consegue a recuperação do ciclo de vida. Hoje, ainda existe um longo caminho, mas ele é chave para países como o Brasil, que está vinculado ao desmatamento e uso irregular do solo, conseguindo compensar o que já emitiu, trazendo não só o processo de captura mas também de fixação do carbono.

Karen fala sobre dois projetos de restauração que a TNC realiza: um na área amazônica e outro na região de Mata Atlântica, baseado em um eixo comum que é o mercado de carbono.

“Trabalhando com sistemas agroflorestais e com o pequeno produtor rural — que é aquele que mais tem dificuldade em adotar sistemas sustentáveis em seu modelo de produção e produtividade. No estado do Pará, por exemplo, nós introduzimos o cacau, junto com isso, nas áreas onde eram necessárias a recuperação por conta da degradação, a gente trouxe espécies que podem agregar valor econômico, podendo extrair sementes e óleos. Então, primeiro você recupera a área com essas espécies e, depois, por meio da bioeconomia, pode retirar produtos não-madeireiros”, declara Oliveira.

Assim, os projetos estão associados ao artigo nº 6 do Acordo de Paris — tão discutido na COP26 —, uma vez que não é só a questão econômica envolvida, mas, também, a social, da adaptação, mitigação que precisam estar no custo da precificação do carbono, segundo a gerente.

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