(Richard Drury/Getty Images)
Mariana Martucci
Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 16h47.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 17h28.
Estamos perto de completar, aqui no Brasil, um ano sob a crise humanitária e econômica imposta pela Covid-19. Agora, com a esperança renovada pelas perspectivas de uma vacinação em massa, é hora de consolidar erros e acertos desse período tão desafiador.
Isso se aplica em todas as esferas – inclusive ao mundo empresarial.
Não é novidade que a pandemia alterou drasticamente o cotidiano das empresas. Mais do que algo pontual, esse particular momento da humanidade mudou significativamente a forma com que as companhias enxergam o futuro. Mudanças que levariam uma década para serem implementadas tiveram de ser colocadas de pé em meses ou semanas. E o papel das lideranças foi posto à prova.
Diante de uma situação jamais vivenciada nas últimas gerações, empresários e CEOs têm o engajamento das equipes como um dos maiores desafios, especialmente em um cenário em que muitos trabalham de forma remota ou em um modelo híbrido (ora presencial, ora remotamente).
O home office transformou as culturas organizacionais. Exigiu dos executivos novas estratégias de gerenciamento e impôs a inteligência emocional na administração das equipes.
Tal habilidade, aliás, foi alçada a uma condição fundamental para se manter no mundo corporativo nesses tempos tão sensíveis.
Nesse contexto, o cuidado com a saúde física e mental das equipes passa a ser um requisito permanente para o futuro.
Esse tema, aliás, precisa ser colocado em prática como parte da cultura corporativa, segundo pesquisa feita pelo IBM Institute for Business Value.
Nessa sondagem, o instituto abordou a questão junto a executivos e colaboradores, revelando a diferença de pontos de vista. Quando questionados sobre o suporte dado pelas companhias na questão da saúde física e emocional, 80% dos executivos afirmaram que a empresa estava atuando. Mas entre os colaboradores o índice foi de apenas 46%. E, quando perguntados se a empresa estava fornecendo treinamento adequado para trabalhar num cenário de pandemia, 74% dos executivos disseram que sim, ante apenas 38% dos empregados.
Esses números mostram que a tarefa é bem mais complexa do que pressupõe o alto escalão.
Num período de acelerada transição, como o que vivemos, é essencial não superestimar a eficácia dos esforços no apoio aos colaboradores.
Na TV Integração (mais antiga afiliada da Rede Globo), temos vivido esse cenário desafiador com a plena convicção de que entender a necessidade das pessoas passa a ser uma premissa básica para uma empresa dinâmica em um mercado em constante metamorfose.
É cada vez mais evidente que inovação, excelência e alta performance claramente dependem de um ambiente em que todos se sintam empoderados pelas lideranças. É bastante perceptível que um espaço psicologicamente seguro, em que se possam propor soluções sem receio de qualquer crítica, gera comprometimento, novos insights e aprendizados e senso de pertencimento.
Os resultados não são só numéricos, mas sociais.
Investir em programas de apoio à saúde mental (com conversas, palestras e material informativo), abrir-se aos feedbacks e estabelecer um ambiente mais colaborativo e menos competitivo, portanto, somam-se à estratégia de forma permanente.
Afinal, conforme mostra o estudo do IBM Institute for Business Value, a burocracia vem dando lugar a estruturas mais flexíveis e menos centralizadas de tomada de decisão. Delegar continuará sendo um verbo fundamental no novo normal do mundo empresarial.
No Grupo Integração ficou claro que a vulnerabilidade, antes escondida a sete chaves pelos executivos que temiam ser vistos como fracos, passou a ser um poder e tanto para gerar conexões entre as pessoas – sejam pares, líderes e equipes.
A empatia, mais do que nunca, é o maior atributo de gestão.
(*) Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração (afiliada da RedeGlobo)
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