Gilberto Kassab. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Bússola
Publicado em 12 de agosto de 2021 às 16h09.
Última atualização em 9 de agosto de 2022 às 16h39.
Com críticas tanto ao conteúdo quanto à tramitação da proposta, o presidente nacional do PSD (Partido Social Democrático), Gilberto Kassab, afirma ser contra a aprovação da reforma do Imposto de Renda, um dos projetos que compõem a reforma tributária do governo em tramitação no Congresso. “O Brasil precisa enfrentar com urgência a questão do custo Brasil, mas essa proposta de reforma tributária nasceu com uma sanha arrecadatória da Receita”, disse ele em entrevista ao Bússola Líderes, ao comentar o projeto que que prevê a tributação de dividendos, a redução da alíquota do imposto para pessoas jurídicas e o reajuste da tabela para pessoas físicas.
O texto, relatado pelo deputado federal Celso Sabino (PSDB-PA), tem sido alvo de um conjunto de entidades empresariais, que apontam um aumento da carga tributária para vários negócios. É o caso, por exemplo, das companhias que hoje pagam o imposto pelo regime do lucro presumido. Kassab lembrou que “parte da população brasileira vive sob a égide do lucro presumido” e ignorar esse fato, segundo ele, demostra o “amadorismo” com que vem sendo conduzida essa proposta.
“Uma reforma tributária, num momento de crise que vivemos, não pode penalizar uma parte muito expressiva da população, mesmo que tenha como benefício uma outra parte da sociedade. Nós temos que em primeiro lugar focar na desburocratização e na simplificação, para que todos sejam atendidos. Numa segunda etapa, com a economia melhorando e encontrando de maneira racional receitas extraordinárias para atender aqueles que vão perder, é possível aprofundar a reforma”, explicou o presidente do PSD.
Para ele, a estratégia do governo em fatiar a reforma tributária, sem apresentar o todo, gera insegurança e cria resistências. Além das mudanças no Imposto de Renda, o Executivo enviou ao Congresso o projeto que prevê a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) por meio da fusão de PIS e Cofins numa alíquota única de 12%. “A incógnita do que vem pela frente é o que mais tem preocupado os diferentes setores da economia. Não dá para aceitarmos que venha algo fatiado sem enxergar quais são as outras fatias”, declarou.
Na entrevista, Kassab também falou sobre a PEC da reforma eleitoral, cujo texto-base foi aprovado na noite de ontem, em primeiro turno, no plenário da Câmara dos Deputados. Entre os dispositivos contidos na Proposta de Emenda à Constituição, os parlamentares rejeitaram o chamado “distritão” e concordaram com a volta das coligações nas eleições proporcionais. O líder do PSD considera o projeto um retrocesso e espera que o Senado o derrube. “Há uma profusão de partidos com as coligações proporcionais. E uma democracia com 40 partidos não tem cara. Essa fragmentação nos impede como sociedade de ter nitidez ideológica em relação às legendas”, disse.
Sobre as eleições de 2022, Kassab acredita que, mesmo depois de os deputados terem rejeitado a PEC do voto impresso, Jair Bolsonaro continuará insistindo no tema para criar confusão. Na corrida presidencial, sua aposta, como vem afirmando nos últimos meses, é lançar pelo PSD o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje no DEM, como candidato de 3ª via para enfrentar Lula e Bolsonaro.
A legenda também tem planos ambiciosos para as disputas estaduais, com candidatos próprios na maioria dos estados. “Teremos Ratinho Júnior no Paraná, Alexandre Kalil em Minas Gerais, possivelmente Geraldo Alckmin em São Paulo, Eduardo Paes apoiando Felipe Santa Cruz no Rio de Janeiro, e ainda mais dez estados muito bem posicionados com bons candidatos”, concluiu.
Confira a entrevista completa de Gilberto Kassab a Rafael Lisbôa, diretor da Bússola, e Alon Feuerwerker, analista político e colunista da Bússola, no Bússola Líderes – o canal de entrevistas em vídeo com grandes personalidades do país. O bate-papo é sempre publicado no YouTube da Bússola e no portal da Exame.
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