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João Kepler: O primeiro investimento que todo investidor anjo deve fazer

Ecossistema de startups no Brasil no primeiro semestre bateu recorde histórico de investimentos, puxado por megarrodadas

Houve 11 megarrodadas no Brasil no primeiro semestre de 2021 (Intpro/Getty Images)

Houve 11 megarrodadas no Brasil no primeiro semestre de 2021 (Intpro/Getty Images)

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Publicado em 12 de outubro de 2021 às 16h29.

Por João Kepler*

O ano nem terminou, mas no ecossistema das startups no Brasil o que não faltam são motivos para comemorar. Segundo o Inside Venture Capital, relatório da empresa de inovação Distrito, US$ 5,2 bilhões foram investidos em startups brasileiras neste primeiro semestre. Esse também é um recorde histórico, superando em 45% o visto ao longo de todo o ano de 2020. Na comparação apenas com o primeiro semestre de 2020, a alta é de 299%.

E os dados animadores não param por aí. Ainda segundo o relatório, o número deste semestre é enviesado por grandes aportes. Foram 11 megarrodadas no período, aportes que passam da marca dos US$ 100 milhões, responsáveis por 74% do total investido nas startups brasileiras. Segundo o Distrito, foram quatro novos unicórnios nacionais condecorados neste semestre: MadeiraMadeira (venture capital), Hotmart (venture capital), C6Bank (venda para o J.P.Morgan) e Mercado Bitcoin (venture capital). Hoje, o Brasil tem 16 unicórnios.

Junho também teve recorde histórico para as startups brasileiras: foram US$ 2 bilhões captados, em mais de 63 rodadas. O valor foi puxado por megarrodadas em startups que já eram unicórnios brasileiros, como Gympass (US$ 220 milhões), Ebanx (US$ 430 milhões) e Nubank (US$ 500 milhões).

Outro dado relevante pode ser extraído do estudo. Em volume aportado, lideram fintechs (US$ 2,4 bilhões), proptechs (US$ 829,4 milhões) e retailtechs (US$ 416,2 milhões). Foram realizados 339 aportes em startups brasileiras, 35% mais rodadas do que o visto em 2020. Os setores preferidos dos investidores foram fintech (72 aportes), retailtech (36) e healthtech (29).

E é importante ressaltar ainda que em relação aos fundos brasileiros que mais realizaram investimentos no primeiro semestre deste ano o destaque vai para a Bossanova (27 aportes), seguidos pela Domo Invest (21) e Canary (12).

Totalmente inserido neste universo como CEO da Bossanova Investimentos, tenho sentido na prática, no dia a dia, tudo que estes números representam. O mercado está aquecido, e as oportunidades são muitas, tanto para quem empreende e busca investimento, quanto para quem deseja investir e almeja se tornar um anjo ou fazer parte de um grupo de investidores qualificados.

Aliás, não é de hoje que eu bato nessa tecla de que é por meio de uma rede forte e sólida que continuaremos a avançar no que diz respeito ao amadurecimento das startups e do ecossistema como um todo.

Quando se trata então dos investidores, este ponto se torna ainda mais evidente. Ao participar de uma rede, de um grupo, os investidores têm acesso a várias oportunidades de investimento em startups já pré-selecionadas, bem como consegue coinvestidores, o que torna seu cheque individual mais acessível permitindo a formação de um portfólio mais rápido e diverso, como bem lembrou a Anjos do Brasil, que divulgou também este mês dados da sua rede que nos mostra que cada investidor aporta em média R$ 34 mil (máximo de R$  100 mil e mínimo R$ 15mil) em startups que estão captando entre R$400 e R$ 800 mil (máximo R$ 1,5 mil e R$ 200 mil) no Brasil.

Além desse ponto mencionado acima que já justificaria a adesão de qualquer investidor a uma rede, nunca é demais lembrar também que ao fazer parte de um grupo o investidor, mesmo que não tenha uma experiência ou conhecimento específico sobre o setor no qual a startup que ele está interessado atua, poderá se valer da expertise de outros investidores da rede que o ajudarão nessa análise técnica e demais desafios comuns aos novos negócios que buscam escala.

Outro ponto que o estudo realizado pela Anjos do Brasil ainda destacou de forma precisa é o fato de que em todo o mundo, a ampliação e fortalecimento de redes de investidores anjo se mostra fundamental para a indústria de Venture Capital, que tanto tem crescido no Brasil. Isso porque já está mais do que comprovado que ter investidores que seguem as boas práticas das redes, sua estrutura e metodologia no investimento inicial, mitiga o risco e amplia o acesso a capital a startups de todos os estágios, como já demonstrei em vários outros artigos.

Por fim, deixo ainda o meu convite para aqueles que ainda têm dúvidas se devem ou não fazer parte do time de investidores em startups e ajudar a aumentar ainda mais estes números nos anos seguintes. Quem aprende, não depende. Quem investe, vence.

Muitas pessoas me procuram perguntando sobre qual o investimento deve fazer. O que eu gosto de dizer é que o primeiro investimento que qualquer pessoa deve fazer é o do seu tempo. Invista seu tempo buscando aprendizado com mentores realmente preparados, para que você aprenda e nunca dependa de nada além do seu conhecimento.

Só depois desse importante passo é que você pode se tornar um investidor anjo. Note que muitas pessoas estão acostumadas com o termo, mas não necessariamente com a essência da palavra. Um investidor anjo não entra pra ser dono, não entra para ser sócio e nem para mandar no empreendedor, mas sim apoiá-lo, aplicar o #smartmoney sempre pensando no equity!

Toda solução começa quando um sonhaDOR vira empreendeDOR, para então ser um venceDOR e isso sempre atrai um torceDOR, que se identifica com a sua luta. Ahh claro que atrai também o InvestiDOR que te ajuda a vencer.

*João Kepler é CEO da Bossa Nova Investimentos

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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