(JM_Image_Factory/Getty Images)
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Publicado em 17 de julho de 2024 às 07h00.
Por Isabela Basso, cofundadora da Zaya*
Nas últimas décadas, a sustentabilidade ganhou destaque nas pautas corporativas, refletindo um apelo crescente por decisões ecologicamente responsáveis. No entanto, o conceito de greenwashing tem surgido como um fenômeno preocupante no mundo empresarial.
Também conhecida como “lavagem verde”, esta é a prática de exagerar ou falsear o compromisso ambiental de uma empresa por meio da omissão de dados ou pela ênfase desmedida em aspectos isolados de suas operações.
O greenwashing tem levado à banalização de termos como "sustentável", "eco" e "verde". A indiscriminada utilização desses termos resulta em um descrédito geral e na falta de uma consciência real sobre as questões ambientais. Um estudo da PwC revela que 98% dos investidores brasileiros acreditam que o fenômeno está presente nos relatórios de sustentabilidade das empresas. Globalmente, essa percepção alcança 94%, demonstrando uma desconfiança generalizada sobre a veracidade das informações divulgadas.
Felizmente, algumas medidas estão sendo implementadas para combater essa prática. O Parlamento Europeu, por exemplo, aprovou recentemente uma lei anti-greenwashing que exige que rótulos e selos ecológicos sejam respaldados por sistemas de certificação reconhecidos internacionalmente.
Em um cenário de constante atualização, a regulação é crucial para estimular atitudes mais robustas e transparentes.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) demonstrou compromisso com o tema ao aprovar uma resolução que obriga empresas listadas na bolsa de valores a adequarem seus relatórios de riscos ESG às normas padronizadas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) até 2026.
Além disso, um estudo conduzido pela PwC revela que 59,5% das empresas brasileiras já avalia mudanças para cumprir os requisitos internacionais de prevenção a este problema
Para lidar com o greenwashing, as empresas devem adotar uma mentalidade transparente e focar na coleta e difusão de dados robustos obtidos por meio de ferramentas científicas.
No Brasil, o cenário requer uma combinação de regulamentação rigorosa e uma mudança de mentalidade empresarial. Está na hora de exigirmos clareza e autenticidade dentro do contexto corporativo, adotando medidas concretas e dados cientificamente comprovados. Somente assim poderemos garantir que os esforços sejam genuínos, contribuindo para um futuro verdadeiramente mais verde e transparente.
*Isabela Basso atuou por mais de cinco anos no time de desenvolvimento sustentável da Braskem. Em 2023 fundou a Zaya, uma startup que escala o acesso ao cálculo de impactos ambientais em empresas.
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