Não apenas “o que aprender” precisa fazer sentido para o seu desenvolvimento, mas também o “como precisa se adaptar” no seu cotidiano. (Bússola/Reprodução)
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Publicado em 31 de dezembro de 2021 às 15h05.
Por Iona Szkurnik*
O ano de 2021 parece que passou na contagem de vida dos cachorros, de tantos acontecimentos e transformações na sociedade. A sensação é que vivemos sete anos em um. A cena de investimentos em capital de risco nunca esteve tão movimentada, o desenvolvimento de tecnologias nunca esteve tão disseminado em diferentes setores e a escassez de talentos nunca esteve tão evidente. Mas, o que nos espera em 2022? Qual o maior desafio para a continuação do momentum que vimos em 2021? Como a educação pode servir como alavanca e antídoto ao gargalo que já sentimos no crescimento das empresas e produtividade do país?
Você já percebeu a mudança nas profissões mais demandadas no mercado de trabalho, mas alguns dados são ainda mais alarmantes do que apenas nossa percepção. De acordo com um relatório divulgado pela Udemy, edtech da Califórnia, houve um aumento de 331% em crypto-moedas, 227% em Design Gráfico, 419% em Gestão de Projetos, 205% em Diversidade e Inclusão, 475% em Gestão de Dados, 314% em Python, 295% em React (uma nova linguagem computacional, cada vez mais usada pelas novas startups), e, pasmem, 645% em Certificação Google Cloud. Isso só para mencionar alguns dos mais de 40 cursos mais procurados esse ano.
Numa retrospectiva dos últimos cinco anos (2017-2021), a procura por habilidades em Liderança e Comunicação nos mostram números igualmente impactantes com um aumento de 760% em Microsoft Teams, 602% em Assertividade, 530% em Escuta Ativa, e 340% em Pensamento Crítico. O que isso quer dizer? Que há uma corrida para qualificação e requalificação tanto de hard skills como de soft skills, habilidades táticas-analíticas quanto socioemocionais.
Habilidades de liderança e gestão são para todos — não apenas funcionários cujo cargo inclui a palavra “gerente”. Empresas que incluem o treinamento de liderança para todos os colaboradores, independentemente das aspirações gerenciais, são 4,2 vezes mais propensas a superar em crescimento de receita, margem operacional e retorno do patrimônio líquido frente aquelas que não o fazem, segundo dados do relatório do Citi sobre investimentos em Aprendizagem e Desenvolvimento em 2021.
A crescente complexidade dos projetos de trabalho — somada aos desafios de trabalhar remotamente e a velocidade da transformação tecnológica — significa que as habilidades tradicionais precisam ser atualizadas. O interesse em métodos para aumento de eficiência, como Scrum e Agile, cresceu dramaticamente nos últimos quatro anos. E não são apenas as equipes técnicas que se beneficiam das habilidades de gerenciamento de projetos. Assim como não são apenas equipes de gestão que se beneficiam com aprendizagem de liderança e trabalho em equipe.
E qual conclusão podemos tirar disso tudo? Que não existe bala de prata, nós sabemos. Que investir em uma cultura de educação continuada é mandatório para o crescimento de qualquer empresa também. Que a escassez de talento é generalizada, que precisamos multiplicar nossa base de desenvolvedores em mais de dez vezes e que é urgente atualizar o sistema e os currículos de ensino superior de acordo com a realidade do mercado, isso está cada vez mais claro.
O que precisamos é inovar na forma com que entregamos o conteúdo, atrelando o máximo possível de forma personalizada para que cada colaborador tenha acesso ao melhor conteúdo. Não apenas “o que aprender” precisa fazer sentido para o seu desenvolvimento profissional e pessoal, mas também o “como precisa se adaptar” no seu cotidiano. E para que isso aconteça, todos os tomadores de decisão das empresas - sejam elas startups, SMBs, ou enterprises - entendam que o aprendizado continuado é a maior arma aliada a escala do seu negócio.
Vejamos a seguinte realidade: no Brasil temos 217 startups que estão no patamar acima da Série A. No mundo de Venture Capital (investimento de capital de risco), isso significa, a grosso modo, que faturam acima de R$12 milhões por ano. Essas empresas crescem, em média, 50% do seu time anualmente. Hoje, elas empregam 90 mil colaboradores. Portanto, podemos projetar 150 mil profissionais trabalhando diretamente em empresas de inovação e tecnologia em diversos segmentos já em 2022. Agora eu pergunto: de onde virá essa mão-de-obra?
O quanto sua empresa vai investir em educação em 2022? Como a sua empresa vai buscar, selecionar, implementar, medir, e disseminar todo arcabouço de educação e, assim, conseguir a sonhada atração, retenção e desenvolvimento do seu time de talentos? Eu desejo que todos possamos preparar da melhor maneira possível cada membro dos nossos times para seus desafios, e fazer o melhor uso da alocação de recursos na área de Pessoas para que 2022 seja um ano repleto de geração de valores e riqueza para nossa sociedade. E que possamos, finalmente, comemorar a transformação do Brasil pela educação. Boas festas e até ano que vem!
*Iona Szkurnik é fundadora da Education Journey, plataforma focada em desenvolver o ecossistema de inovação na educação, e membro do Conselho da Brazil at Silicon Valley
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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