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Iona Szkurnik: Mercado das edtechs deve movimentar US$350 bilhões até 2025

Somente no Brasil, o mercado de startups de educação cresceu 28% no ano passado

Brasil, como resto do mundo, precisa estar atento às inovações do segmento (Carol Yepes/Getty Images)

Brasil, como resto do mundo, precisa estar atento às inovações do segmento (Carol Yepes/Getty Images)

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Publicado em 24 de setembro de 2021 às 12h58.

Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 12h59.

Por Iona Szkurnik*

Nesta minha estreia como colunista semanal de educação, trago aos leitores dados e reflexões sobre as últimas movimentações no efervescente mercado de educação e tecnologia nos Estados Unidos. Escolhi esse recorte não apenas por morar há oito anos na Califórnia, o epicentro da inovação, mas também por entender que o mercado americano pode funcionar como uma espécie de bússola para o brasileiro, indicando tendências e possíveis caminhos a seguir — desconsiderando, claro, as particularidades de cada região...

A cada semana, trarei uma variedade de enfoques e análises sobre o rico setor de educação, tanto na esfera privada quanto pública, abrangendo da educação infantil ao lifelong learning, sob a ótica de casos internacionais e domésticos.

Voltando aos Estados Unidos: junho e julho foram meses animados no mercado de educação do país, com aberturas de capital, aquisições e investimentos significativos. A Duolingo, um popular desenvolvedor de aplicativos de aprendizagem de idiomas, fez um bem-sucedido IPO e atingiu um valor de mercado de US$ 5 bilhões. Já a Instructure, criadora do sistema de gerenciamento de aprendizagem Canvas, chegou a US$ 3 bilhões na sua oferta pública de ações.

Enquanto isso, a 2U, provedora de capital aberto de cursos de curta duração, bootcamps e programas online de universidades, pagou US$ 800 milhões para adquirir a EdX, pioneira no mercado de MOOCs (cursos on-line massivos). E a Age of Learning, criadora do popular aplicativo infantil de aprendizagem ABCmouse, atraiu investimentos de US$ 300 milhões em uma rodada em que atingiu a avaliação de US$3 bilhões.

Esses negócios são a parte mais visível de um movimento que vem ganhando força, com a entrada cada vez maior de capital nas edtechs americanas.

Segundo análise feita pelo fundo Reach Capital com base em dados da Pitchbook, nos primeiros seis meses de 2021 as empresas de tecnologia educacional com sede nos Estados Unidos levantaram mais de US$ 3,2 bilhões em investimentos. O valor já ultrapassa o total de US$2,2 bilhões atraídos em 2020 e de US$ 1,7 bilhão em 2019, segundo a EdSurge.

(Bússola/Divulgação)

Com a confirmação da tendência do ensino híbrido e remoto, esse ritmo de investimento só vai acelerar. Lá, aqui, e no resto do mundo.

Olhando para o Brasil, o número de edtechs passou de 434 para 559 em dezembro de 2020, um aumento de 28%, segundo dados do Distrito. Globalmente, a projeção é que essa indústria movimente US$350 bilhões até 2025.

Além do surgimento de novos empreendedores e do apetite mais voraz dos investidores, também deve impulsionar esse mercado a disponibilidade crescente de smartphones, tablets e outros dispositivos com conexão à internet, bem como a maior abertura de instituições tradicionais às soluções tecnológicas.

Uma pesquisa de março de 2021 da Education Week indica que cerca de 90% dos distritos educacionais dos Estados Unidos agora fornecem um dispositivo por aluno. Antes da pandemia, eram apenas dois terços. Os investimentos escolares em tecnologia educacional (desde materiais digitais até dispositivos e redes) também devem atingir níveis recordes, com expectativa de superar os US$ 50 bilhões esse ano. Também no ensino superior, instituições com maior oferta e tradição online ganham terreno, atraindo novos alunos e forçando a movimentação de concorrentes mais analógicos.

Fora dos Estados Unidos, as portas para as soluções digitais também se abrem. Com a pandemia, o mundo inteiro se viu forçado a interromper em maior ou menor grau as aulas presenciais, levando os mais diversos agentes a buscarem alternativas viáveis para os novos tempos. Ainda que a conectividade varie muito nas diferentes regiões do globo, o mercado potencial para as edtechs se expande a olhos vistos. E, com o desenvolvimento dos negócios, os investidores já colhem ganhos reais importantes.

Esse cenário indica que vivemos um momento único no mercado de tecnologia educacional global. Dispositivos com conexão à internet se tornam cada vez mais acessíveis, há investidores interessados, empreendedores com ideias inovadoras e uma necessidade real de uma educação mais flexível e personalizada. O Brasil, como o resto do mundo, precisa estar atento a essas oportunidades.

*Iona Szkurnik é fundadora da Education Journey, plataforma focada em desenvolver o ecossistema de inovação na educação, e membro do Conselho da Brazil at Silicon Valley

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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