Incentivar a geração de ideias é crucial (Mike Watson/Thinkstock)
Bússola
Publicado em 19 de maio de 2022 às 15h10.
Por Alisson Goulart*
Você tem percebido as boas ideias vindas do seu time? Já parou para pensar que talvez não esteja aproveitando todo o potencial dos colaboradores da sua empresa? Se essas perguntas já passaram dentro do seu negócio, é hora de mudar a rota e aproveitar os novos rumos do mercado. Afinal, não dá mais para olhar para os colaboradores de maneira mecânica, dando ordens e sem escutar o que eles, talvez, tenham para oferecer e contribuir de maneira escalável dentro dos negócios.
Acontece que as empresas estão repletas de profissionais criativos, inquietos e persistentes que não devem passar despercebidos pelos olhares de seus gestores. Reter esses talentos, no entanto, ainda é o tendão de Aquiles para muitos. Embora existam muitos desafios, algumas organizações perceberam o quanto é importante desenvolver as habilidades dessas pessoas e passar a escutá-las como empreendedores dentro do lugar onde atuam.
Parece estranho, certo? Mas não é! A esse universo damos o nome de intraempreendedorismo. É o ato de empreender dentro da própria empresa, ou seja, quando um colaborador identifica problemas e oportunidades de melhoria e propõe soluções para atuar nessas dores. Dessa maneira, surgem novos produtos, processos ou até mesmo uma nova área de atuação para o negócio.
A essência desse fenômeno é estimular nas pessoas que já estão dentro da companhia as necessidades dos clientes — internos e externos — para que atuem como agentes de inovação.
A pandemia nos mostrou o quanto as empresas são frágeis e precisam se reinventar constantemente se quiserem se manter firmes no mercado. Por isso, nada mais eficaz do que investir em produtos e serviços alinhados com as demandas do novo consumidor e em inovação. Mas para isso, nada melhor do que aproveitar todo o potencial dos seus recursos internos. E um dos caminhos mais eficazes de conseguir isso é aproveitar ao máximo o talento dos profissionais.
No entanto, de acordo com o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), menos de 1% dos colaboradores atuam como intraempreendedores no país. Um número muito baixo comparado aos 8% de países como Reino Unido e Austrália.
Apesar do amadurecimento do ecossistema de inovação no Brasil, esse tipo de iniciativa ainda aparece de maneira tímida nas empresas. Muitas vezes falta diálogo, acolhimento e espaço para que os colaboradores possam expressar suas ideias e as empresas precisam ficar mais atentas a quantidades de intraempreendedores que entram e saem que, na maioria dos casos, nem são notados.
Vale destacar que esse tipo de iniciativa é importante para criar uma cultura de inovação. Além disso, ao dar voz e oportunidade para que os funcionários participem de forma proativa em projetos internos, a empresa estimula o engajamento deles, proporcionando o sentimento de pertencimento e valorização.
Dessa forma, é possível colocá-los no centro do negócio, dando espaço para que se desenvolvam e busquem soluções para crescer junto com a companhia. Gigantes do mercado fazem isso há anos e em nosso dia a dia usamos produtos que saíram de intraempreendedores.
No Google, desde 2004, os colaboradores possuem 20% do seu tempo, praticamente um dia por semana, para trabalharem em projetos relacionados às aspirações da empresa e que podem ser escolhidos pelo próprio colaborador. Produtos como o Google Maps e o Gmail saíram dessas iniciativas.
Muitas outras ideias devem surgir de profissionais focados e de empresas que enxergaram todo o potencial de seus colaboradores e deram espaço para que eles se desenvolvessem como intraempreendedores. Apesar do amadurecimento do ecossistema de inovação no Brasil, esse tipo de iniciativa ainda aparece de maneira tímida nas empresas.
Muitas vezes falta diálogo, acolhimento e espaço para que os colaboradores possam expressar suas ideias e as empresas precisam ficar mais atentas a quantidades de intraempreendedores que entram e saem que, na maioria dos casos, nem são notados. É essencial também a empresa criar processos e políticas que facilitem aos talentos a exposição de suas ideias. Incentivar a geração de ideias é crucial, através de estímulos comportamentais e enfatizando um ambiente positivo para isso. Porém é necessário ser evidenciado o "como" as pessoas portanto podem gerar e comunicar sobre essas ideias. No mundo corporativo, nada melhor do que diferentes histórias e vivências olhando para um mesmo problema. Desse cenário só pode sair uma coisa: inovação!
* Alisson Goulart, é Head de Inovação da Paschoalotto
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