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Inteligência artificial desafia educadores e alunos

Até que ponto a IA pode ser utilizada com segurança para auxiliar no aprendizado dos alunos?

A presença da IA nos ensinos tem seus lados negativos (Bússola/Reprodução)

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Publicado em 7 de julho de 2023 às 20h40.

Por Claudia Vieira Levinsohn*

Os debates sobre inteligência artificial (IA) estão em alta, e na educação não poderia ser diferente. É um misto de dúvidas, busca pelo conhecimento das ferramentas e medo de ficar para trás e não acompanhar os avanços da tecnologia. Alguns estudos mostram que a IA será uma forte aliada para a transformação do ensino e as empresas já apresentam lançamentos de recursos que prometem colaborar com o trabalho dos professores e com o aprendizado dos alunos.

O Google, por exemplo, começará a disponibilizar no Brasil, a partir do segundo semestre de 2023, a ferramenta Série de Exercícios para o Google Sala de Aula, como forma de tutoria para apoiar os professores e colaborar com o ensino dos conteúdos utilizando tarefas interativas e suporte personalizado para cada aluno. Os estados brasileiros também se movimentam para implementar a IA na rede pública. O governo do Piauí solicitou ao Conselho Estadual de Educação para incluir no currículo a IA como disciplina obrigatória para os alunos do ensino médico. Há também iniciativas que estão sendo testadas com os assistentes virtuais por comando de voz, a famosa Alexa, como ferramenta de ensino.

Mas é o ChatGPT que, sem dúvida, está à frente dos holofotes e desperta discussões entre especialistas de diversas áreas. A grande questão é: será que esse recurso pode ajudar estudantes em formação a se tornarem cidadãos e profissionais ampliando as formas de aprendizagem com conteúdos que possam ser fake news ou se tornarem plágio? É possível confiar em sistemas que recebem dados anônimos e que ainda podem disseminar discursos de ódio e desinformação?

Como prosseguir neste cenário?

Embora a utilização da IA na educação vem sendo pensada, especialmente por conta da automatização de funções e da disponibilização de dados (mesmo sem sabermos sua procedência e segurança), recomendo cautela para a tomada de decisões que vão impactar o futuro das novas gerações e a subsistência da sociedade. Sustento ainda a importância de se manter algumas funções imprescindíveis para essa construção de valores dos nossos estudantes. Por isso, acredito em um modelo de união entre a tradição e a tecnologia para caminhar juntos e garantir a qualidade do ensino.

Nesse contexto, o papel do professor dentro da sala de aula, o convívio com os alunos e a interação com os amigos é fundamental para transmitir disciplina, ensinamentos e para dar continuidade a educação que é exercida em casa. Como educador, ele precisa ser preparado para adotar essa tecnologia, assim como os alunos conscientizados, afinal, a máquina necessita do comando dos humanos, que se não souberem usar, não vai funcionar. Sabemos que não é tão simples deixar crianças e adolescentes com o livre arbítrio de decidir como usar a internet. Sem regras e liderança, o caminho pode ser o insucesso.

O aprendizado deve estar sempre à frente de todos esses pontos. Quando o aluno lê e escreve o conteúdo, há muito mais chances de aprender e lembrar disso por muito tempo. Agora quando ele mal lê, copia e cola, não vai conseguir absorver e memorizar. Como praticar a tabuada sem ler? Apenas fazer trabalho, entregar e receber a nota sem aprender é preocupante. No convívio com o professor, se o aluno não entender, ele pode perguntar e ouvir uma nova explicação, mas sozinho só com a máquina compromete o aprendizado.

A educação no Brasil tem alguns grandes desafios nos próximos anos. Um exemplo é que ainda não recuperamos o conteúdo perdido devido aos impactos da pandemia. Além disso, é fundamental olhar cada aluno individualmente, de forma a torná-los confiantes sobre suas competências e cientes de suas fraquezas, para maximizar seu sucesso em sua futura vida profissional. Cabe agora aos educadores repensar a forma como o aprendizado será conduzido nesse novo ambiente

Ainda não existe um grupo de trabalho para discutir o tema na Secretaria de Educação Básica (Seb), do Ministério da Educação (MEC), mas a pasta tem participado de encontros a respeito, como na reunião na Unesco, a agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Seguimos confiantes de que a tecnologia atue para somar na construção de um ensino melhor para que possamos desenvolver profissionais qualificados e que farão a diferença no futuro.

*Claudia Vieira Levinsohn é mestre e especialista em educação

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