Bússola

Um conteúdo Bússola

Integrar imigrantes garante que sejam contribuição efetiva, não problema

Os imigrantes contribuem com o crescimento da economia e colaboram com a diversidade cultural, mas precisam de uma política pública eficiente de integração

Todos nós somos de alguma forma imigrantes (Nathalia Angarita/Reuters)

Todos nós somos de alguma forma imigrantes (Nathalia Angarita/Reuters)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2023 às 15h37.

Última atualização em 27 de abril de 2023 às 15h54.

Por Hugo Martinelli*

Que o Brasil é um país formado e desenvolvido por imigrantes desde que foi achado em pleno Oceano Atlântico pelos espanhóis (sim, eles aqui estiveram meses antes da frota de Cabral) no final do século 15 não é novidade. Como a coisa é bem diluída e de certa maneira já faz parte da nossa identidade como povo, a história ficou para trás.

Faço esse resgate para que nossas origens não sejam esquecidas. No entanto, o que interessa aqui é a situação atual desse fluxo de gente que ultrapassa nossas fronteiras por terra, mar e ar.

Atualmente é cada vez mais comum vermos pessoas de diferentes partes do mundo chegando ao Brasil em busca de uma nova vida e de novas oportunidades de trabalho e negócios. Há os que vêm para trabalhar seja lá no que for, os que vêm para empreender e realizar seus próprios negócios.

Mas afinal, de onde são esses imigrantes? Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, os imigrantes que mais chegam ao Brasil nos últimos anos são oriundos de Bolívia, Paraguai, Venezuela, Haiti, Cuba, Senegal, Paquistão, Bangladesh e Síria.

Os motivos para imigrar são os mais variados, mas em geral estão relacionados à busca por melhores condições de vida, fugindo de conflitos políticos, sociais e econômicos em seus países de origem. É importante destacar que muitos desses imigrantes chegam em situação de vulnerabilidade, sem ter onde morar ou sem emprego garantido.

De acordo com dados do IBGE, a maioria deles trabalha em setores como comércio, serviços e construção civil. Muitos também são empreendedores e abrem pequenos negócios, contribuindo para a economia local da cidade e do estado onde se instalam.

Os que não empreendem geralmente ocupam vagas de trabalho que não são preenchidas por brasileiros, ajudando a suprir a demanda do mercado e também impulsionando a economia. Além disso, muitos desses imigrantes trazem consigo conhecimentos e habilidades úteis para o desenvolvimento do país.

No entanto, é preciso analisar se essa imigração está sendo positiva e útil ou se vem crescendo de forma desorganizada e prejudicial. Infelizmente, há casos de imigrantes que chegam ao Brasil e acabam se mantendo em situação de vulnerabilidade, sem acesso a serviços básicos como saúde e educação. A estrutura de inclusão é ineficiente. Esses serviços básicos muitas vezes mal conseguem atender a população local nem os que vêm de fora, gerando muitas vezes um sentimento de xenofobia e rejeição. Estamos falando de seres humanos e não de números. Estamos falando de vidas como a minha e a sua.

Uma imigração desorganizada pode levar à exploração desses imigrantes por parte de empregadores inescrupulosos, como já acontece na Europa e nos EUA, onde se pagam salários baixos e se oferecem condições precárias de emprego, o que pode gerar um desequilíbrio no mercado de trabalho e prejudicar a economia a longo prazo.

Por isso, é fundamental que sejam criadas políticas públicas voltadas para a integração desses imigrantes, oferecendo-lhes oportunidades de trabalho e acesso a serviços básicos. Não é simples, considerando que o que ainda é preciso fazer por nossos conacionais.

A imigração é um fenômeno global, e o Brasil não é exceção. É preciso ter um olhar atento para essa questão, avaliando seus impactos positivos e negativos e adotando medidas para garantir que a imigração seja uma contribuição para o país e não um problema.

Os imigrantes apoiam a economia e colaboram com a diversidade cultural da sociedade brasileira. Garantir sua integração e inclusão no nosso mundo brasilis garante que não sejam vistos como um problema a ser combatido.

Não podemos nos esquecer do lado humano da questão. Afinal, nossos próprios sobrenomes dizem muito sobre a nossa origem e sobre o que estamos fazendo aqui.

*Hugo Martinelli é escritor e mestre em semiótica

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedIn | Twitter | Facebook | YouTube

Veja também

Instituto Crescer lança programa gratuito para qualificar 100 mil jovens

Inscrições prorrogadas para programa dar bolsas de estudo de até U$ 100.000

Walter Brandstetter: É hora de voltar a cuidar da saúde para além da Covid

Acompanhe tudo sobre:ImigraçãoDiversidadeGestão pública

Mais de Bússola

O marketing brasileiro não funciona por falta de investimento nas ferramentas certas

Como a paridade de gênero nas Olimpíadas e o sucesso das Paralimpíadas inspiram mudanças sociais

Healthtech brasileira mais que dobra faturamento e capta R$ 110 mi em Série B

Bússola & Cia: NewHack lança fundo de R$ 5 mi para startups