Temática da diversidade, da equidade e da inclusão está ganhando cada vez mais terreno no ambiente corporativo (Prostock-Studio/Getty Images)
Bússola
Publicado em 5 de maio de 2022 às 14h20.
Por David Braga*
A temática da diversidade, da equidade e da inclusão está ganhando cada vez mais terreno no ambiente corporativo. Demandadas a pensar fora da caixa e atualizar suas políticas internas, as empresas — multinacionais ou nacionais, de grande, médio e pequeno portes — têm criado comitês internos e efetivado práticas para se alinhar à realidade global de diversidade de pessoas, raças, gêneros e demais pilares de diversidade e sua inclusão nos quadros de colaboradores.
Nesse cenário, precisamos ter em mente que a era do racismo e o preconceito contra o cabelo, o modo de vestir e ser, contra a orientação sexual e a tatuagem das pessoas, por exemplo, ficaram para trás. A diversidade de pessoas muda o status quo do ambiente, ou seja, como as coisas são feitas. E nesse repensar dos modelos existentes, os profissionais precisam se readaptar, aprender a olhar para o diferente com olhos empáticos e colaborativos, além de se adequar a novas formas de agir e, principalmente, de pensar sobre vários temas.
Com as intensas mudanças de mercado e no ambiente corporativo, é preciso reunir em um time profissional o máximo de perfis possíveis que possam agregar valor e criatividade ao seu negócio, capaz de literalmente segurar a onda até que as tsnunamis passem para que então novas decisões e rumos sejam tomados, já que sabemos que a imprevisibilidade é cada vez mais latente.
Para isso, são necessários uma pitada de sabedoria e de experiência prática e times multidisciplinares — com pessoas de perfis os mais variados possíveis, que pensem novos caminhos e alternativas para os negócios ou para executar projetos — jogando ao seu lado (ou da sua empresa). Por isso é tão importante a adoção da política de diversidade e inclusão dentro das empresas, para que elas possam ter um leque amplo de pessoas, com perfis, modos de ser e pensar, e formações distintos.
No entanto, esse é um tema bonito na teoria e árduo na prática. Isso porque lidar com pessoas muito diferentes de nós pode gerar atritos e é preciso maturidade emocional no trato com outras pessoas que pensam e agem de outras formas. E mudar muitas vezes o olhar de lideranças e colaboradores para questões que estão em mutação na sociedade nem sempre é tarefa fácil.
Mesmo com dificuldades e resistências, acredito que é pelo caminho da pluralidade que será possível e viável incentivar a tão falada inovação, almejada, cada vez mais, pelas empresas. E a política de diversidade e inclusão trata disso, de aceitarmos as pessoas como elas são. Então, é cada vez mais coerente e importante falar sobre o universo LGBTQI+, sobre racismo, sobre equidade de gêneros e sobre competências e habilidades.
Para incorporar uma política de inclusão e diversidade na sua empresa ou no seu negócio é preciso ter escuta ativa e coração aberto, com a real vontade de fazer a mudança acontecer. As grandes corporações, com estruturas mais robustas, têm comitês e incluem esse tipo de discussão no escopo de governança ou compliance. Isso não quer dizer que as médias e pequenas empresas não possam ter sua política de diversidade.
O importante é querer implementar a mudança de cultura, não importa o tamanho do negócio. As empresas precisam acordar para a realidade e entender que ser diverso e inclusivo vai fazer com que elas estejam atuais, e isso é fundamental para a perenidade do próprio negócio. Ter abertura para ouvir o que as pessoas têm a dizer e a que vieram é um primeiro passo.
Com essa postura você se permite a aprender coisas novas e poderá ver que suas verdades não são tão intactas assim. Ter esta abertura mental pode lhe proporcionar maior chance de obter êxito na empreitada. Se você refletir um pouco, poderá perceber que esta é a beleza da vida: aprender um pouco todos os dias — seja com os mais novos, seja com os mais velhos, com o tatuado, com a homossexual, mas, acima de tudo, todos seres humanos e profissionais. Basta se permitir, lembrando sempre que além das empresas, você tem um papel fundamental nessa transformação.
*David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent Executive Search. É também Conselheiro de Administração pela Fundação Dom Cabral (FDC) e professor convidado pela mesma instituição
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