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Hugo Tadeu: O agronegócio é “tech” mesmo?

Agronegócio é o grande responsável por agendas importantes e relacionadas ao crescimento do PIB nacional

 (Freepik/Reprodução)

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Publicado em 20 de março de 2022 às 12h00.

Por Hugo Tadeu*

 A busca pela transformação digital tem sido a pauta de inúmeros setores da economia brasileira, em especial, do agronegócio. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) são claros: o setor é o grande responsável por agendas importantes e relacionadas ao crescimento do PIB nacional, destacando os ganhos de produtividade, relevância na pauta do comércio exterior e no uso de tecnologias para captura de dados, por exemplo.

Outro aspecto importante é a percepção de grandes empresas do agronegócio brasileiro, em busca da conexão com o ecossistema de inovação. De uma forma geral, surgem hubs especializados em startups, bem como universidades com professores dedicados na aplicação do conhecimento científico em projetos em todos os cantos do país e consultorias com ofertas interessantes de valor para pequenos e médios produtores, por exemplo.

Todavia, engana-se quem acha que esta agenda já estaria na sua fase final de aplicação. Dados de pesquisas realizadas pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC, com importantes organizações do setor, indicam que a aposta para o uso de tecnologias está muito centrada em equipamentos inteligentes, como caminhões, tratores e colheitadeiras.

Até existem exemplos interessantes de fazendas inteligentes pelo país, conectando dados da produção, com estimativas de armazenagem e logística de distribuição. No entanto, estes exemplos ainda são isolados, com investimento elevado e demandando uma nova cultura para se fazer negócios.

Por exemplo, existe uma carência grande de conexão entre os setores comerciais e de produção destas grandes empresas representantes do agronegócio. Se houvesse um melhor entendimento dos problemas dos clientes, alinhamento entre expectativas de vendas e logística, o salto seria enorme na produtividade do setor. Da mesma forma, se a agenda da inovação pudesse ser interpretada além das fronteiras das tecnologias de produção, mas vinculada a correta captura de dados, seu tratamento e considerando equipes realmente preparadas para tanto, outro salto poderia ser visto.

Além das grandes empresas, existe uma vida em paralelo e existente nos pequenos e médios produtores regionais. Basta pegar um carro e viajar para o interior do Brasil, onde o debate está centrado em produzir em maior escala, ter um bom fluxo de caixa, sobreviver no curto prazo e entender os atuais desafios do clima, trazendo prejuízos consideráveis nestes últimos meses.

Ou seja, se o foco pudesse ser em uma agenda que alinhasse o uso adequado de tecnologias, mais do que isto, na criação de uma cultura de dados, inovação e como resultado, em melhorar a vida do consumidor final, certamente o agronegócio seria ainda mais importante para o crescimento brasileiro. Talvez seja a hora de um importante debate sobre a retomada da agenda de pesquisas aplicadas, real entendimento dos problemas vividos no campo e o uso adequado das técnicas inovadoras, como outrora desenvolvido pela Embrapa. Vale a pena ver de novo e recriar uma agenda campeã para o nosso país.

*Hugo Tadeu é diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e Senior Advisor da Deloitte

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