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Hollywood não quer que você seja investidor?

O filme “Wall Street - Poder e Cobiça” de 87, o próprio título da obra já induz a uma sensação negativa em relação à Wall Street

Diversos filmes nos deparamos com histórias que retratam o investidor antiético (Kevork Djansezian/Getty Images)

Diversos filmes nos deparamos com histórias que retratam o investidor antiético (Kevork Djansezian/Getty Images)

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Publicado em 27 de agosto de 2022 às 15h00.

Por Vicente Guimarães*

O mundo dos investimentos é retratado em filmes e séries de Hollywood há muito tempo. Contudo, o que poderia ser um atrativo para que o telespectador se interessasse pelo mercado financeiro, acaba reforçando estereótipos negativos e até gerando um certo ranço no público.

Em 87, por exemplo, era lançado o filme “Wall Street - Poder e Cobiça”. O próprio título da obra já induz a uma sensação negativa em relação à Wall Street. Na história, um jovem corretor (Charlie Sheen) trabalha no mercado de ações e consegue a atenção de um investidor bilionário de Wall Street, interpretado por Michael Douglas. Como estratégia, o personagem de Sheen lhe dá uma informação, que, até então, era sigilosa, a respeito das ações da companhia onde seu pai trabalhava.

A informação privilegiada faz a dupla ganhar muito dinheiro. Com o sucesso inicial, eles seguem por caminhos tortuosos em busca de lucros na bolsa de valores, deixando de lado qualquer compromisso ético. Com isso, o filme dá a entender que o caminho do sucesso na Bolsa se dá por acesso a contatos influentes, tráfico de influência e obtenção de informações privilegiadas.

Outro filme com a mesma temática é “O Lobo de Wall Street”, de 2013.  Neste,, o protagonista (interpretado por Leonardo Dicaprio) acaba indo trabalhar em uma empresa de fundo de quintal que lida com ações de baixo valor e alto risco. Lá, ele tem ideia de fundar uma companhia com este mesmo foco: as ações têm valores baixos, mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso, mesmo que o comprador  assuma todo o risco. A empresa usa métodos antiéticos para ludibriar clientes e premiar funcionários, aumentando suas vendas, todos os personagens ficaram ricos usando esses artifícios e se tornam usuários de drogas e depravados sexualmente.

O filme faz um retrato sobre as “maçãs podres” do mercado de capitais. Na verdade, os personagens não são investidores, são corretores (vendedores) de ações, e isso, de certa forma, cria uma imagem de que esse tipo de profissional só quer ganhar dinheiro às custas  dos investidores comuns, que ficam com todo o risco nas costas. Apesar de ter sido baseado em fatos reais, a obra poderia ter mostrado o outro lado.

A série Billions, que faz muito sucesso na Netflix, mostra as “aventuras e desventuras” de Bobby Axelrod, um gestor de fundo de Hedge que usa e abusa de meios pouco éticos para obter retornos acima da média para o seu fundo de investimento. A série gira em torno das armações de Axelrod e das artimanhas que ele usa para escapar das garras  do seu principal inimigo, o promotor de justiça Chuck Roades, que tem obsessão em ver Axelrod na cadeia.

Uma outra obra de sucesso, que vale destacar por se basear em fatos reais, é o filme “A Grande Aposta”, de 2015. O longa mostra como o sistema financeiro é criativo em gerar ‘produtos’ rentáveis, mas que por uma “complexidade proposital” são dificilmente avaliados em profundidade por seus compradores. Esses títulos financeiros podres  geraram a crise do Subprime de 2008/2009 uma das maiores crises financeiras da história.  A mensagem que o filme deixa é “cuidado, fique de fora desse tipo de mercado”.

Outro filme baseado em fatos verídicos é o  filme “O Mago das Mentiras”, que retrata a história de um famoso gestor de fundos, Bernard Madoff (interpretado por Robert De Niro) que foi responsável por uma sofisticada operação de pirâmide financeira que levou milhares de pessoas a perderem todas as suas economias.

Em diversos outros filmes nos deparamos com histórias que retratam o investidor antiético, golpes e tramoias corporativas com o intuito de enganar investidores e acionistas.

O filme “Em busca da felicidade” é um sopro de ar fresco nesse deserto árido. Retrata a história real de Chris Gardner, que chegou a ser um sem teto - e como ele conseguiu obter sucesso como corretor na bolsa de valores como resultado de trabalho duro e dedicação.

É compreensível que Hollywood busque histórias dramáticas, de violência, golpes bilionários e crimes. Isso vende!  Mas estas obras sobre o mundo dos investimentos distorcem a visão do público sobre como realmente é a Bolsa de Valores, como ela funciona e como é possível ser bem sucedido sem ser antiético ou criminoso.

Com a democratização da informação e a popularização dos investimentos,  o senso comum tende a mudar? Espero que sim! Afinal, sabemos que, com base em conhecimento e orientação profissional, os investimentos em ações são, sim, uma excelente alternativa para o investidor comum.

Vicente Guimarães é professor doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com mais de 20 anos de experiência no mercado corporativo e financeiro, em 2018, lançou seu canal no YouTube que atualmente possui mais de 200 mil inscritos e 500 vídeos sobre o mercado de ações e investimentos.

O sucesso do seu conteúdo inspirou a criação da VG Research, casa de análise que já orientou mais de 20 mil clientes. Vicente é CEO da companhia e criador do método Seguro com Opções e da Formação de Investidores Faixa Preta, cursos da vertical educativa da empresa com mais de 2.500 alunos, que auxilia investidores a rentabilizar e aumentar patrimônio e renda passiva recorrente.

*Vicente Guimarães é fundador e CEO da VG Research

 

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