Covas e Boulos (Montagem/Exame)
Mariana Martucci
Publicado em 27 de novembro de 2020 às 20h13.
A disputa eleitoral na cidade de São Paulo expõe duas formas distintas de fazer campanha eleitoral e conquistar o voto do eleitor. O prefeito Bruno Covas (PSDB) se apresenta como um grande zelador, cujo cuidado com a gestão tem números, ações, dados de afogar algoritmo.
Covas cita tudo da administração como uma máquina, sem expressar emoção. É frio e metódico, como um bom burocrata que merece promoção. Foi eleito vice de João Doria na disputa anterior, e agora pede para ser o legítimo titular na urna, centrado em alianças de partidos que lhe deram maior tempo de TV no primeiro turno.
O desafiante Guilherme Boulos (PSol) é um Lula com diploma de faculdade. Tem a barba, é articulado e espirituoso, gera empatia e emoção. E traz ideias econômica novíssimas, importadas diretamente dos anos 1980. Fala coisas desconexas, mas encadeia tudo de uma forma sedutora, atrai os jovens e joga Among Us. Tem redes sociais muito mais ativas que o adversário.
Bruno Covas tem o nome tradicional e faz política como o avô Mário Covas na forma de usar os instrumentos de comunicação. Não demonstra o temperamento hereditário brigão, por vezes bonachão, do Covas que foi governador e não fugia de uma boa briga verbal.
Boulos busca ocupar no imaginário das esquerdas o espaço que pertenceu a Lula, que declarou apoio imediato a ele nem logo as urnas mostravam os resultados.
São Paulo é um caso de herança política. Um é genérico com diferenças, enquanto o outro quer entrar no testamento pela semelhança.
*Analista político da FSB Comunicação
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