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Governança corporativa deixou de ser exigência legal para virar motor de diferenciação estratégica

A governança corporativa moderna não é custo, nem checklist regulatório. É estratégia, é reputação, é valor

Governança corporativa é gerador de diferenciais (Miniseries/Getty Images)

Governança corporativa é gerador de diferenciais (Miniseries/Getty Images)

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Publicado em 17 de outubro de 2025 às 15h00.

Por Aleksandro Oliveira*

A governança corporativa no Brasil passa por uma transformação estrutural e acompanha uma tendência global. O que antes era tratado como um conjunto de boas práticas para atender exigências regulatórias agora se consolida como ativo estratégico — com impacto direto na reputação, na eficiência operacional e no valor de mercado.

Segundo o estudo “Panorama de Governança Corporativa 2024” (EY, IBGC e TozziniFreire Advogados), a adesão das companhias abertas brasileiras ao Código Brasileiro de Governança Corporativa alcançou 67% no último ano, um avanço de 1,7 ponto percentual em relação a 2023. 

Esse crescimento, pelo segundo ano consecutivo, mostra que as empresas já entendem a governança não como custo, mas como investimento com elevado retorno. 

Governança digital: do retrovisor ao radar preditivo

O grande divisor entre o modelo tradicional e a governança digital está no horizonte de análise. A governança clássica olhava para o retrovisor, corrigindo rumos a partir de eventos passados. 

Já a governança digital é orientada ao futuro: usa dados e inteligência artificial para prever riscos, antecipar tendências e capturar oportunidades antes que se percam.

Essa abordagem é especialmente crítica em um ambiente de mudanças regulatórias constantes. Ferramentas de monitoramento proativo permitem não apenas respostas rápidas, mas também simulações de cenários e preparação de planos de contingência. 

Em conglomerados multissetoriais, onde uma única mudança pode afetar negócios de forma distinta, essa capacidade de antecipação se torna um diferencial competitivo.

Exemplos já se multiplicam: algoritmos que detectam fraudes em tempo real, sistemas que antecipam alterações tributárias e plataformas que rastreiam riscos ambientais ou sociais antes que se transformem em passivos. 

Tecnologia como alicerce da governança moderna

Em 2025, falar de governança sem considerar a transformação digital, inteligência artificial e análise avançada de dados é falar de um modelo ultrapassado. A tecnologia deixou de ser acessório e passou a ocupar o centro da estratégia corporativa.

Hoje, algoritmos monitoram riscos em tempo real, analisam cadeias de suprimento complexas, identificam padrões de mercado e até projetam mudanças regulatórias.

Sistemas integrados — como ERPs de última geração — consolidam informações críticas em dashboards claros, acelerando decisões baseadas em dados confiáveis. 

Assistentes virtuais corporativos reforçam a compliance, democratizam o acesso à informação e reduzem custos operacionais.

Nesse contexto, não adotar soluções digitais robustas não significa apenas ficar para trás — mas assumir riscos que podem comprometer a sobrevivência do negócio.

Empresas que encaram a governança apenas como obrigação regulatória comprometem sua resiliência e competitividade. Já aquelas que a tratam como plataforma estratégica para crescimento, inovação e reputação têm melhores condições de converter riscos em vantagens sustentáveis.

A governança corporativa moderna não é custo, nem checklist regulatório. É estratégia, é reputação, é valor. Empresas que entendem isso se colocam não apenas para sobreviver — mas para liderar a transformação de mercados em constante mudança. 

*Aleksandro Oliveira é CFO do GEQ (Grupo Edson Queiroz), holding multissetorial detentora das marcas Nacional Gás, Esmaltec, Minalba Brasil e Sistema Verdes Mares.

 

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