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Governança, a locomotiva do ESG, precisa recuperar seu protagonismo

Boas práticas de governanças geram resultados muito rápidos, como no caso da reorganização de gestão da Via Varejo

VIA VAREJO (Alexandre Battibugli/Exame)

VIA VAREJO (Alexandre Battibugli/Exame)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 11 de março de 2021 às 20h31.

Última atualização em 11 de março de 2021 às 20h49.

Os fatores socioambientais estão ganhando todos os holofotes na discussão corporativa mundial, especialmente desde o ano passado, quando a pandemia de coronavírus evidenciou a vulnerabilidade do planeta e das pessoas diante de grandes catástrofes.

Nisso, o G do ESG acabou ligeiramente relegado. Não deveria. A governança não apenas é absolutamente vital para a sustentabilidade de uma corporação, como também é o que pode puxar com a velocidade e a seriedade necessárias as ações e os investimentos nas outras duas letras – o E de ambiental (em inglês) e o S de social.

A questão de diversidade, por exemplo. Sua promoção está intimamente ligada à criação de um ambiente propício por meio da cultura corporativa, mas antes disso depende de decisões muito assertivas de gestão. E, de preferência, que mirem a equidade na composição do próprio fórum de governança responsável por tomá-las.

Uma pesquisa que acaba de ser divulgada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e pelo Valor Investe mostra que 77,6% das empresas de capital aberto têm mulheres na liderança, em cargos de diretoria, conselho de administração ou conselho fiscal.

Não parece tão ruim, sobretudo se compararmos com aquilo que acontecia em um passado não muito distante. Foram analisadas 295 companhias. Mas, se pegarmos o número total de 4.989 profissionais que ocupam esses cargos, menos de 13% são mulheres.

O impacto de questões de governança é muito rapidamente assimilado. Por exemplo, quando um governo decide intervir na direção de uma estatal, quase que invariavelmente os investidores tiram o cavalinho da chuva e os acionistas tomam prejuízo.

No caminho inverso, boas práticas de governança geram frutos positivos muito claros. A Via Varejo, para citar um exemplo, tem reportado resultados consistentes, um atrás do outro, desde que promoveu uma reestruturação na gestão, em 2019. A Cosan, que sempre teve governança muito sólida, acaba de formalizar uma simplificação societária, reunindo três holdings numa única. Os resultados certamente não demorarão a aparecer.

Não custa lembrar que o ESG nasceu a partir do momento em que grandes investidores se deram conta de que era necessário mapear também os riscos e as oportunidades ambientais e sociais nos negócios. Os de governança já eram avaliados. Ela veio primeiro. A governança é a locomotiva do ESG.

*Renato Krausz é sócio-Diretor da Loures Comunicação

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