COP30, em Belém, será palco de oportunidade histórica do Brasil (Anderson Coelho/Getty Images)
Diretor-geral da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 10h00.
Última atualização em 12 de novembro de 2025 às 10h10.
No segundo dia da COP30, em Belém, o calor humano da sociedade civil se fez ouvir.
Um dos muitos protestos organizados no entorno do evento trazia uma mensagem simples e poderosa: “pessoas em primeiro lugar”.
Em meio a negociações técnicas e anúncios institucionais, esse grito resume o que talvez seja a questão mais importante da conferência — a urgência de colocar a vida no centro da ação climática.
Ontem, durante um evento ministerial de alto nível, foi apresentada a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, assinada por 44 países.
O documento propõe medidas concretas para fortalecer a proteção social, apoiar pequenos produtores e promover transição justa em regiões sensíveis.
Trata-se de um reconhecimento claro de que não há justiça climática sem justiça social — e de que combater a fome e a pobreza deve caminhar junto com o enfrentamento da crise climática.
As políticas públicas são, evidentemente, o principal instrumento para responder a esse desafio.
Mas a tecnologia pode — e deve — desempenhar um papel importante.
O Brasil apresentou iniciativas nessa direção, como sistemas de alerta para riscos de eventos extremos, capazes de salvar vidas e reduzir perdas em comunidades vulneráveis.
Na mesma linha, Ana Toni, diretora-executiva da COP30, anunciou o Green Digital Action Hub, plataforma que reúne 82 países e organizações globais, entre elas o Banco Mundial e a União Europeia, para integrar soluções digitais às ações climáticas.
É um passo relevante para conectar inovação tecnológica, cooperação internacional e impacto social — três dimensões que raramente caminham juntas, mas que precisam se encontrar para que a transição seja, de fato, justa.
Outro tema que vem ganhando destaque em Belém é a agricultura regenerativa, apontada como uma via prática para unir produtividade, preservação e desenvolvimento humano.
Casos apresentados por diferentes países mostram que é possível produzir mais, restaurar ecossistemas e gerar renda — tudo ao mesmo tempo.
Enquanto as negociações avançam e as promessas são discutidas, o lembrete das ruas continua ecoando: o planeta, em si, vai continuar.
O que está em jogo é a sobrevivência e o bem-estar das pessoas.
A COP30 precisa ser lembrada como o momento em que entendemos, de uma vez por todas, que salvar o clima é salvar vidas.