(NurPhoto/Getty Images)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 13h00.
Foi divulgado esta semana o relatório global de riscos do Fórum Econômico Mundial. A pesquisa, publicada anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, oferece uma visão abrangente dos principais desafios que podem afetar a economia, a governança e a sociedade ao redor do mundo nos próximos anos.
Pelo segundo ano consecutivo, o tema “informação falsa e desinformação” foi apontado como a principal ameaça para o mundo nos próximos dois anos. Opinei recentemente neste espaço que este é mesmo um risco altamente relevante, uma vez que o cenário se agrava e as consequências de uma sociedade mal informada — ou deliberadamente enganada por informação falsa — são potencialmente catastróficas. Na visão de longo prazo (10 anos), o tema se manteve como o quinto mais relevante, atrás de quatro riscos ambientais e climáticos.
O estudo é feito a partir da escuta de mais de 900 especialistas com origem na academia, setor privado, governos, organizações internacionais e sociedade civil. Sua divulgação no encontro de Davos do Fórum Econômico Mundial, evento que reúne as principais lideranças políticas e econômicas do mundo, é simbólica e reforça o caráter pragmático do conteúdo: aspectos ambientais e sociais podem gerar crises sociopolíticas e prejuízo financeiro.
Ao analisar o relatório completo, vemos que crises ambientais se somam a aspectos de fragmentação social e crescimento das desigualdades, uso corrompido de tecnologias e conflitos geopolíticos no radar de riscos, com um crescimento do pessimismo. Vale notar que todos esses riscos têm raízes que podem ser conectadas ao modelo de exploração de recursos que visa fomentar apenas crescimento financeiro de curto prazo, em detrimento de uma gestão responsável e sustentável, que preserve os negócios e meios nos quais estes estão inseridos.
Aqui, vale retomar que o principal risco de curto prazo é “informação falsa e desinformação”. Seu impacto nocivo está presente em todas as áreas, inclusive na gestão empresarial - representada pelo movimento anti-ESG. Ele se torna crescentemente relevante na medida que as ferramentas de inteligência artificial viabilizam a falsificação em massa de vídeos e fotos e temos sociedades anestesiadas por plataformas e algoritmos que se preocupam cada vez menos com a verificação de fatos.
Como temos repetido por aqui, será impossível pensar um futuro sustentável sem mecanismos que protejam a sociedade da manipulação informacional. Para pautar decisões que preservem o futuro, é fundamental que todos atuem para produzir uma sociedade educada, crítica e capaz de identificar os jogos de interesse que movem os algoritmos. Parece utopia, e talvez seja mesmo. Mas é um propósito a se perseguir.
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