Empregos verdes são sinônimo de progresso (Luis Alvarez/Getty Images)
Diretor-geral da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 10h00.
O novo estudo do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) traz uma boa notícia em tempos de crise climática e incerteza econômica:
Segundo a pesquisa, o Brasil tem potencial para criar entre 846 mil e 1 milhão de empregos verdes por ano até 2050.
Isso significaria mais de 20 milhões de novas vagas em um quarto de século, caso o país adote políticas consistentes de descarbonização e economia sustentável.
A de que sustentabilidade e desenvolvimento caminham em direções opostas. O estudo mostra que, quando bem planejadas, as políticas ambientais podem ser motores de prosperidade.
Investir em eficiência energética, energias renováveis, restauração florestal e uso racional dos recursos naturais não apenas reduz emissões — também gera empregos de qualidade, impulsiona a inovação e fortalece cadeias produtivas regionais.
O Brasil dispõe de vantagens competitivas inegáveis: matriz elétrica limpa, vasto potencial solar e eólico, biodiversidade e uma das maiores reservas de biomassa do planeta.
Com coordenação e investimento adequados, podemos ocupar posição de liderança global na economia de baixo carbono — exportando tecnologia, atraindo capital e gerando renda.
O conceito de “emprego verde” sintetiza bem essa oportunidade. São postos de trabalho que contribuem para preservar ou restaurar o meio ambiente, seja no campo ou nas cidades.
Eles estão em setores como energia, agricultura regenerativa, transporte público, saneamento e reciclagem.
Ou seja, são empregos que cuidam da vida — e que, no Brasil, podem ser vetor de inclusão social.
A transição energética pode e deve ser justa, capaz de incluir trabalhadores de diferentes perfis, reduzir desigualdades e oferecer perspectivas reais para quem hoje está à margem da economia.
Mas há uma condição essencial para que esse futuro se realize:
A criação de empregos verdes não acontecerá por inércia do mercado. É preciso política pública, coordenação federativa e mecanismos de financiamento que deem escala à transição.
A ausência de uma estratégia clara pode transformar a oportunidade em frustração — com ganhos concentrados em poucos setores e regiões.
Por isso, o estudo do Cebri deve ser lido não apenas como uma projeção econômica, mas como um chamado à ação. Ele reafirma que o caminho da sustentabilidade é também o caminho da prosperidade.
O desafio agora é alinhar instrumentos de política, incentivos e investimentos para que o potencial brasileiro se converta em realidade — e para que a transição energética seja também uma transição social.
O Brasil tem todas as condições para provar que crescimento verde não é utopia, mas estratégia inteligente. Cabe a nós decidir se seguiremos presos ao passado, defendendo um modelo esgotado, ou se abraçaremos o futuro com coragem e ambição.