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Gestão Sustentável: apesar dos negacionistas, critérios ESG se consolidam

Entenda em que ponto estamos na jornada mundial em busca da sustentabilidade 

“Convém lembrar que a sigla não é uma coisa só”, aconselha Danilo Maeda, especialista da consultoria de ESG BEON (Tom Werner/Getty Images)

“Convém lembrar que a sigla não é uma coisa só”, aconselha Danilo Maeda, especialista da consultoria de ESG BEON (Tom Werner/Getty Images)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 10h00.

Há três semanas, escrevi neste espaço uma coluna com o título Estamos diante do pós-ESG?”. O texto tratava de como a politização da sigla, especialmente nos EUA, “inflacionou” artificialmente alguns debates sobre a validade da agenda como alavanca de criação de valor e gestão de riscos para acionistas e outros stakeholders.

Nesse meio tempo, o noticiário “anti-ESG” foi novamente aquecido com manchetes que podem levar a conclusões equivocadas, ainda mais considerando o baixo grau de atenção e de capacidade crítica de nossa sociedade, que inclusive faz o tema das informações falsas e desinformação serem o principal risco global mapeado pelo Fórum Econômico Mundial. 

Morte do ESG?

Antes de afirmar que o ESG “ficou para trás” ou “morreu”, convém lembrar que a sigla não é uma coisa só, mas um conjunto de ferramentas em constante atualização que buscam elevar a capacidade de organizações entregarem valor no longo prazo em cenários (ou ecossistemas) em profunda transformação e repletos de riscos ambientais, sociais, econômicos e de governança.

Ao aplicar estas ferramentas de acordo com os principais riscos e impactos de cada negócio, é esperado que as empresas aumentem a sua resiliência – que aliás é o termo que vem sendo usado pela BlackRock em substituição ao ESG, numa aparente tentativa de escapar das críticas ideológicas feitas ao tema nos EUA e retomar o ponto central da tese: 

  • Práticas de sustentabilidade corporativa são relevantes porque mitigam riscos que em primeiro momento seriam classificados como não financeiros, mas que podem impactar os negócios no médio ou longo prazo.

O objetivo, em outras palavras, é trazer o futuro para o presente, de modo que as ações necessárias sejam adotadas tempestivamente.

E isso é bom para os negócios

Para quem lê as tendências de forma pragmática, o que fica no passado não é a agenda ESG, mas as falsas polêmicas. 

Segundo a agência de classificação de riscos Fitch, o volume de emissões de dívidas relacionadas a metas e projetos de sustentabilidade deve crescer em 2024, mesmo com expectativas de crescimento econômico global moderado, taxas de juros altas e regulações que evoluem para tornar esses ativos mais confiáveis, padronizadas e, consequentemente, restritivos.

Adicionalmente, conforme o mercado compreende os mecanismos pelos quais práticas ESG adicionam valor e protegem ativos, é esperado que fundos de investimento integrem esses aspectos em seus mecanismos de avaliação, em um processo que tende a tornar a agenda parte do “pacote básico” do mercado financeiro

Sou otimista para apostar que em alguns anos, deveremos chegar a esse futuro com “ESG em todo lugar”, tão comum que sequer pensaremos na sigla, mas sim nos componentes que ela traz para gestão de riscos. 

Esse cenário, aliás, é esperado há muitos anos por nós que atuamos com sustentabilidade no mundo corporativo

ESG está mais vivo do que nunca. Ele só deixou de ser novidade.

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