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Gestão Sustentável: a COP pode voltar a ser nossa

Esta semana, Danilo Maeda fala sobre a possibilidade de protagonismo brasileiro na 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

Voltar a ganhar uma Copa parece um objetivo distante, mas a COP pode ser brasileira já nas próximas semanas (mattjeacock/Getty Images)

Voltar a ganhar uma Copa parece um objetivo distante, mas a COP pode ser brasileira já nas próximas semanas (mattjeacock/Getty Images)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 16h00.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 09h57.

Escrevo esta coluna na véspera de um Brasil X Argentina pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. É daqueles jogos que podem mudar por completo as análises de especialistas, mas antes de sua realização parece bastante evidente que nossos rivais estão em melhores condições futebolísticas.

No ludopédio, parece que os tempos de glória de nosso país estão ofuscados por uma entressafra, um período de menor protagonismo, de pouco reconhecimento e valorização daquilo que por tanto tempo nos fez únicos, especiais, diferentes (e melhores) que o restante do mundo. Voltar a ganhar uma Copa parece hoje um objetivo distante. É claro que no esporte tudo pode mudar em pouco tempo, especialmente com um clássico como o da noite de hoje.

E a sustentabilidade?

Se a Copa do Mundo de futebol não voltará a ser nossa tão cedo - mesmo que ganhemos a próxima, o torneio acontecerá apenas em 2026 - a COP pode ser brasileira já nas próximas semanas. No caso, a 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, também conhecida como  COP 28.

O Brasil chegará para o evento, que acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes, com uma série de entregas relevantes que podem nos colocar de volta à sua posição de protagonismo em um tema central para a geopolítica global. Além da delegação, que deve ser das maiores presentes com representantes do governo federal, estados, sociedade civil e setor privado, o País deve ser porta-voz de demandas relevantes do mundo em desenvolvimento e de nações que mantém preservadas a maior parte de suas florestas, riquezas naturais essenciais para a regulação do clima no planeta.

Ciência e missão 1,5ºC

Em conferência de imprensa realizada ontem (20/11) conjuntamente por Secom, Ministério das Relações Exteriores e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o governo fez questão de destacar que o Brasil irá reforçar a posição em defesa do limite de 1,5ºC de aquecimento na temperatura média do planeta na comparação com níveis pré-industriais, patamar apontado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) como necessário para evitar desastres climáticos ainda mais frequentes e graves do que os que já temos presenciado.

Essa defesa conecta-se com um outro fato relevante, que é a expectativa de realização da COP30 em Belém/PA. O evento será um marco relevante porque é nele que os países signatários do Acordo de Paris deverão apresentar atualizações de suas ambições climáticas (as chamadas NDCs - contribuições nacionalmente determinadas, na sigla em inglês). Os compromissos assumidos atualmente não são suficientes para limitar o aquecimento global aos 1,5ºC e a velocidade de implementação tem sido ainda pior. Ou seja, é urgente que os países acelerem seus processos de transição para uma economia verde.

É nesse cenário que o Brasil reúne um conjunto de fatores positivos para liderar o processo. Não que nossos problemas estejam resolvidos – longe disso, como temos abordado neste espaço – mas há de se reconhecer que temos nossos diferenciais. E um lugar relevante à mesa é merecido, até pelo tamanho do País, da população, da economia e dos recursos disponíveis.

Chegaremos à COP28 com a transição energética e a busca por alternativas aos combustíveis fósseis no topo da agenda, enquanto nosso País já domina a tecnologia dos biocombustíveis e continua inovando neste campo. Em 2023 avançamos no combate ao desmatamento - principal vetor de emissões do País - e em regulamentações que induzem a iniciativa privada a mitigar seus impactos, como na normativa 193/2023 da CVM, sobre adoção de normas de sustentabilidade alinhadas com o ISSB.

Soma-se a isso a emissão de debêntures verdes, que pode impulsionar o financiamento para projetos de impacto socioambiental, e a perspectiva de uma joia da coroa ser aprovada às vésperas da COP (como aquele reforço de última hora que faz a diferença) que é o mercado regulado de carbono, atualmente em pauta na Câmara dos Deputados.

O problema das mudanças climáticas é mais complexo que o futebol e as variáveis são imponderáveis. Mas dado o atual cenário, podemos nos permitir algum otimismo e esperar que o Brasil voltará como um grande vencedor deste evento que captura as atenções de todo o mundo.

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