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Gestão da inovação e diversidade etária: por que combater o etarismo?

Segundo o IBGE, cerca de 13% da população brasileira tem mais de 60 anos e, em 20 anos, a população maior de 60 anos alcançará 57 milhões de brasileiros

Empresas precisam investir mais na diversificação etária (FG Trade/Getty Images)

Empresas precisam investir mais na diversificação etária (FG Trade/Getty Images)

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Publicado em 30 de setembro de 2022 às 12h30.

Última atualização em 30 de setembro de 2022 às 14h05.

Em um ambiente cada vez mais conectado, os avanços tecnológicos têm permitido melhorar a qualidade de vida das pessoas e assegurar maior longevidade e tempo produtivo. Há cerca de seis décadas, uma pessoa com 50 anos era considerada idosa e pouco produtiva, devendo retirar-se do mercado de trabalho. Atualmente, um “idoso” de 60 anos continua em suas plenas funções produtivas, porém, a continuação de suas atividades profissionais está cada vez mais desafiadora. Não somente por questões fisiológicas mas, sobretudo, por atitudes de preconceito: o chamado etarismo ou ageísmo, que é caracterizado pela intolerância e discriminação contra pessoas com mais idade.

De acordo com dados do IBGE, atualmente, cerca de 13% da população brasileira tem mais de 60 anos e, em 20 anos, a população maior de 60 anos alcançará o número de 57 milhões de brasileiros. Assim, combater o etarismo deve ser um objetivo de toda a sociedade, agora e em todas as suas áreas: pessoal, social e, principalmente, no âmbito profissional, onde os casos de etarismo são ainda mais comuns e impactantes entre as mulheres, quando as primeiras rugas ou fios de cabelo branco (fora dos padrões de beleza impostos pelas mídia e sociedade) podem jogar por água abaixo muitas oportunidades profissionais.

Produzido pela Organização Mundial de Saúde, o relatório Global Report on Ageism comprova que metade da população mundial tem atitudes preconceituosas em relação à idade. Neste contexto, ainda são bastante comuns as histórias de pessoas que mentem a idade no currículo para serem chamadas para entrevistas e que, obviamente não são contratadas após a reunião pessoal, mesmo tendo cumprido todos os requisitos para a vaga, mas sabe como é: “você não atende ao perfil que desejamos…”

O que as empresas precisam entender é que, assim como os investimentos na diversidade étnica, sexual e cultural podem trazer inúmeros benefícios para a gestão da inovação, os times podem se tornar ainda mais competitivos com uma maior diversidade etária, que agrega conhecimento técnico teórico e tácito, além de muita sabedoria. Qual é o custo de abrir mão da experiência? Quanto vale o aprendizado daqueles que vivenciaram, na prática, vários planos econômicos? Quanto vale o conhecimento daqueles que já cometeram vários erros em suas carreiras; erros estes que, na época, serviram de aprendizado prático e que, provavelmente, não vão mais se repetir? Quanto vale ter vivido em um mundo onde não existia Internet e que obrigou este profissional a se adaptar aos meios virtuais e a se reinventar?

Estes diferenciais, que não se aprendem em cursos nem em livros, e somente são adquiridos pela vivência ao longo do tempo, são extremamente significativos no mundo corporativo. O desenvolvimento de novas habilidades, como adaptação e resiliência; a criação de amplo networking profissional; a construção de valioso repertório cultural, são alguns exemplos de diferenciais que somente a vivência pode gerar. E, nesse sentido, possibilitam encurtar caminhos longos e improdutivos, auxiliando no fomento de uma cultura de gestão inovadora mais autônoma e sustentável. Unir o impulso e o entusiasmo da inovação com a sabedoria e o equilíbrio da experiência deve fazer parte do planejamento estratégico e da gestão da inovação das organizações de agora e do futuro. Criar um ambiente de trabalho mais saudável, colaborativo, ávido por mudanças e novas descobertas, mas bem embasado, orientado e equilibrado.

Enfim, todos vamos envelhecer, porém, cada vez com mais energia para continuar no mercado. A conscientização dos benefícios da diversidade etária para as empresas de gestão da inovação é fundamental. E quando se fala em pensar de forma inovadora, pressupõe-se que esta esteja cheia, completa com conhecimento e experiência provenientes de tudo aquilo que foi vivenciado ao longo da vida e que não é possível acessar em nenhum livro ou banco de dados. E somente quem viveu possui este repertório único, fruto das escolhas e iniciativas de cada um, que representa nosso maior diferencial e faz nossa caixa transbordar.

*Tita Legarra é sócia e diretora de marketing da Fábrica de Criatividade e Denilson Shikako é fundador e CEO da Fábrica de Criatividade

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